Rita Cadillac, dançarina, cantora e atriz brasileira de 71 anos, emocionou o público ao participar do programa No Alvo. Durante a entrevista, a artista falou abertamente sobre momentos difíceis de sua vida pessoal, desde a decisão de se afastar do filho ainda bebê, até a relação complicada com a mãe e um recente processo judicial envolvendo uma jovem que alega ser sua filha.
Separação do filho e reencontro
No bate-papo, Rita lembrou o peso da escolha de deixar o Brasil para tentar melhores condições de vida no exterior. Essa decisão, no entanto, custou a convivência com o filho, Carlos César, que tinha apenas um ano de idade
"As feridas são curadas, mas não são totalmente curadas, porque sempre existe uma cicatriz. Eu tive que largar meu filho pra sobreviver, foi uma viagem que eu tinha que ir para fora do país, e aí tive que deixar ele pequeno, com um ano. Aí deixei ele, só voltei a pegar definitivamente aos nove anos de idade. É claro que machuca saber que você é proibida de ver seu filho, saber que disseram para ele que você está morta, sendo que eu sempre tentei procurar, sempre tentei falar, mas nunca pude", relembrou.
O reencontro aconteceu anos mais tarde, quando Carlos tinha 9 anos: "Quando eu consegui um jeito de 'sequestrar o meu próprio filho', eu não pensei duas vezes. Sequestrei e trouxe pro Rio de Janeiro, e até o dia de hoje ele está comigo", comentou
Apesar da proximidade recuperada, a cantora reconhece que o passado deixou marcas que ainda pesam na relação entre os dois
"Claro que é uma cicatriz que tem no coração por ter abandonado um filho, por levar uma vida que, tendo um filho homem, morre de ciúmes da mãe, e é criado por uma mãe que tem que trabalhar. Mesmo já na época do Chacrinha, quando eu peguei ele, eu tinha que viajar para trabalhar e ele ficava sozinho com a babá. E é claro que ele tinha até vergonha, às vezes, de dizer que era filho da Rita Cadillac. Por quê? Os homens não o respeitavam, falavam besteiras. Até um professor, uma vez, falou que achava a mãe dele gostosa[...]deu-lhe um soco na cara e foi expulso do colégio. Essas coisas, às vezes, ainda ficam no coração, porque você fala: 'Será que eu fui uma boa mãe? Será que eu fui aquela mãe que ele sonhava?'. Eu acho que eu fui, mas fica uma coisinha sempre no meu coração", se abriu
Perdão à mãe
Além da experiência como mãe, Rita também recordou a relação complicada com a própria mãe, Geni, que a abandonou ainda jovem
"Dona Geni reapareceu quando eu estava com 52, 54 anos, pedindo dinheiro e pedindo desculpas. Como eu falei para ela, eu a perdoava como ser humano, mas como filha jamais. Ela mesma contou pra mim que sabia onde eu estava, quem eu era, a vida inteira. Por que não procurou? Só procurou porque apareceu uma entrevista que eu tinha dinheiro, coisa que não era verdade, mostrou uma mansão, coisa que não era minha, era fake. E ela veio me pedir dinheiro. Aí eu só falei isso para ela, e não a vi nunca mais; só soube algum tempo depois que ela já havia falecido. Mas isso é muito bom para gente, pensar que é mais uma borrada que a gente leva na vida e a gente consegue superar, sabendo que fiz a coisa certa para mim", revelou.
Suposta filha na Justiça
Outro ponto abordado foi o processo movido por uma jovem chamada Roberta, que alega ser filha da cantora.
"Essa menina apareceu, com o processo, há um ano, no Dia das Mães. Recebi uma intimação, que eu estava sendo processada por uma mulher dizendo ser minha filha, que queria a prova do DNA. Como é segredo de justiça, você não pode abrir a boca, e fala: “tudo bem, vamos fazer”. Já que é pela justiça, vamos fazer pela justiça. Mas ela teve a audácia de ir para uma emissora internacional e abrir a boca. Pra mim foi audácia, né? E depois, agora há pouco tempo, a gente marcou um exame de DNA, e a mocinha não apareceu. É difícil uma mulher esconder uma gravidez, né? Só se eu perdi a memória, na época tive um filho e não sabia; isso é o que eu falo pra ela, porque é impossível eu não saber se ela era minha filha ou não, sendo mais nova que o meu próprio filho."
Memória com Edson Celulari
Rita também relembrou a parceria com Edson Celulari no filme Asa Branca, Um Sonho Brasileiro (1981), seu primeiro trabalho no cinema
"O que eu falei foi que na cena não tinha nada a ver. Foi o primeiro filme de Edson Celulari, e tive o prazer de estar com ele. Quem me induziu a falar isso foi o próprio diretor, a brincar, deixar para a imaginação. Como era um filme em que as pessoas imaginavam que teria aquela cena e não teve, então por isso sempre brinquei com ele. E não tenho nada contra ele, é uma pessoa maravilhosa, um ator de primeira grandeza, e que eu tive o prazer de fazer o primeiro filme com ele. Ai, olha que honra", finalizou.