Anatole Borges

Coluna do Médico Gineco-Obstetra, Anatole Borges, especialista em Reprodução Humana, para falar sobre a saúde em geral | @dr.anatoleborges

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Quando a TPM se torna algo muito grave? Saiba como identificar, diagnosticar e tratar

Estima-se que cerca de 80% das mulheres experimentam algum grau de TPM ao longo da vida reprodutiva

Com certeza você, mulher (ou mesmo quem convive com uma), já ouviu falar muito sobre a famosa Tensão Pré-Menstrual (TPM). Esse termo serve para descrever uma série de sinais e sintomas físicos e emocionais que ocorrem nos dias que antecedem a menstruação — algo extremamente comum e esperado no ciclo feminino. Estima-se que cerca de 80% das mulheres experimentam algum grau de TPM ao longo da vida reprodutiva.

Na maioria das vezes, esses sintomas são incômodos, mas não causam prejuízos relevantes à rotina diária, às relações pessoais ou ao desempenho profissional. Mas... e quando isso muda? Quando a TPM deixa de ser apenas um incômodo e passa a ser algo grave e limitante?

Nesses casos, pode-se estar diante de uma condição chamada Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) — uma forma severa da TPM que requer atenção médica.

Um caso real: Fernanda Machado e o TDPM

Recentemente, a atriz Fernanda Machado, de 44 anos, veio a público compartilhar sua experiência com o diagnóstico de TDPM e toda a jornada que enfrentou até iniciar o tratamento adequado. Seu depoimento emocionou muitas mulheres que, como ela, vinham sofrendo em silêncio, sem saber o que estavam enfrentando.

TPM e TDPM: qual a diferença?

Sintomas comuns da TPM:

  • - Inchaço abdominal
  • - Sensibilidade nos seios
  • - Irritabilidade leve
  • - Cansaço
  • - Ansiedade leve
  • - Dores de cabeça

Esses sinais geralmente desaparecem logo após o início da menstruação e podem ser controlados com medidas simples, como alimentação balanceada, atividade física e descanso adequado.

Sintomas do TDPM:

  • - Alterações intensas e repentinas de humor
  • - Crises de raiva e irritabilidade
  • - Ansiedade grave
  • - Sentimentos de tristeza profunda ou desesperança
  • - Choro fácil e sensação de perda de controle
  • - Fadiga intensa e debilitante
  • - Dificuldade de concentração
  • - Desejo de se isolar socialmente

Além desses sintomas emocionais, também podem estar presentes dores físicas similares às da TPM, mas em intensidade maior. O grande diferencial é que o TDPM compromete significativamente a vida da mulher — afetando trabalho, estudos, relacionamentos e até sua autoestima.

Comparativo entre TPM e TDPM:

Aspecto

TPM

TDPM

Frequência

Muito comum (80–90%)

Menos comum (3–8%)

Intensidade

Leve a moderada

Grave e incapacitante

Duração

2 a 5 dias antes da menstruação

7 a 14 dias antes da menstruação

Impacto na rotina

Incômodo, mas tolerável

Prejudica vida pessoal, social e profissional

Tratamento

Medidas naturais, analgésicos

Antidepressivos, anticoncepcionais, terapia

Reconhecimento médico

Condição fisiológica

Transtorno mental reconhecido (DSM-5)

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do TDPM é clínico, baseado em um histórico detalhado e no acompanhamento dos sintomas por, no mínimo, dois ciclos menstruais consecutivos. Muitas vezes, o médico solicita que a paciente mantenha um diário dos sintomas para mapear o padrão cíclico.

Tratamentos possíveis:

  • - Antidepressivos ISRSs (como fluoxetina e sertralina)
  • - Anticoncepcionais hormonais, especialmente os que inibem a ovulação
  • - Psicoterapia (especialmente a terapia cognitivo-comportamental)
  • - Medidas complementares: prática de exercícios físicos, alimentação saudável e técnicas de manejo do estresse

Quando procurar ajuda?

Se você nota que os sintomas pré-menstruais estão afetando seu humor, produtividade, relacionamentos ou sua saúde mental, não ignore. O TDPM é um distúrbio real, sério e com tratamento eficaz. Buscar ajuda de um ginecologista ou profissional de saúde mental é o primeiro passo para recuperar o equilíbrio e a qualidade de vida.

Conclusão

Muitas mulheres passam anos acreditando que o sofrimento intenso antes da menstruação é “normal”, quando na verdade estão enfrentando um transtorno que tem nome, diagnóstico e tratamento. Saber diferenciar a TPM do TDPM é essencial para cuidar da saúde física e emocional.

Se você se identificou com esse conteúdo ou conhece alguém que pode estar vivendo isso, compartilhe este artigo. Informação pode ser o primeiro passo para a cura.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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