Rany Veloso

Coluna da jornalista Rany Veloso, direto de Brasília

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Glauber Braga entra no sétimo dia de greve de fome em protesto contra processo de cassação

Deputado diz que corpo começa a dar sinais, mas não irá desistir até seu processo ter um desfecho na Câmara. Hugo Motta ainda não se manifestou.

Por Rany Veloso 

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou nesta terça-feira (15), 155 horas em greve de fome.

O parlamentar protesta contra o processo de cassação que enfrenta na Câmara dos Deputados, após ter sido acusado de agressão física — caso que, se confirmado em plenário, poderá torná-lo o primeiro deputado a perder o mandato por esse motivo.

Braga permanece no Plenário 5 da Câmara, onde ocorreu a reunião do Conselho de Ética na última quarta-feira (9), que recomendou a cassação do seu mandato. A decisão segue agora para análise do plenário da Casa.

De acordo com dados do próprio Conselho de Ética, apenas 3% dos processos resultam em cassação, com a maioria sendo arquivada ou resultando em penalidades mais brandas, o que reforça críticas ao corporativismo entre parlamentares.

Em meio ao protesto, o estado de saúde do deputado vem se agravando. Na manhã desta terça, ele passou por mais uma coleta de sangue, por recomendação médica.

“Acabei perdendo muito peso nestas últimas horas. Estou com 87,1 quilos. Meu corpo já começa a dar sinais. Tenho tido dor de cabeça, início de desconforto na barriga, mas a cabeça está firme e a missão de continuar nesta batalha mais ainda. Não vou desistir, jamais!”, declarou.

O deputado segue sendo monitorado por uma equipe médica, com acompanhamento duas vezes ao dia, além do apoio permanente de brigadistas. A ingestão de alimentos está suspensa, e ele consome apenas soro, isotônicos e água. Por orientação médica, as visitas ao local estão restritas. A cada novo grupo que chega, Glauber faz pausas de 30 minutos para descanso.

Nesta terça-feira, ele recebeu o apoio de diversas lideranças políticas e acadêmicas. Entre os visitantes estiveram o reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo, o ex-ministro Nilmário Miranda, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF) e a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que conversou longamente com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber.

Braga também recebeu um manifesto assinado por 30 intelectuais de diversas regiões do país, defendendo a preservação de seu mandato. O documento é encabeçado pelo coletivo Emaús, ligado a movimentos populares e pastorais cristãs. Entre os signatários estão Frei Betto, o teólogo Leonardo Boff e o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

“O seu ato de enfrentar seus algozes, suas mentiras e hipocrisias, é valoroso. Sabemos que é preciso uma força extraordinária para nos manter de pé diante dos absurdos”, diz o texto, que faz referência a líderes históricos como Mahatma Gandhi, Nelson Mandela e Martin Luther King Jr.

A comunicação de Glauber com apoiadores e o público tem sido feita principalmente pelas redes sociais.

Ele afirma que seguirá em greve de fome até que a Câmara tome uma decisão definitiva sobre o processo que pode encerrar seu mandato.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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