Em menos de um ano, extremos climáticos deixaram mais de 100 mortos no RS

Em junho, setembro e novembro de 2023, 80 pessoas perderam a vida em meio a ciclones e tempestades

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Voluntários procurando por moradores isolados em Canoas, no Rio Grande do Sul, — Foto: | REUTERS/Amanda Perobelli
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Em menos de um ano, quatro desastres climáticos atingiram o Rio Grande do Sul, resultando em mais de 160 vidas perdidas. Os outros três eventos ocorreram em junho, setembro e novembro de 2023, provocando 80 mortes. 

TRAGÉDIA: O Instituto Nacional de Metereologia (INMET) aponta que a causa das tragédias se diferencia desta, que já causou 85 mortes e 134 desaparecidos até o início da noite desta segunda-feira (6).

Segundo o comunicado da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 385 municípios foram afetados pelos eventos climáticos, o que corresponde a mais de dois terços das cidades gaúchas. Prefeituras contabilizam que mais de 153 mil pessoas estão desalojadas e 339 encontram-se feridas.

As chuvas provocaram cheias em rios em várias regiões do estado, além da destruição de estradas e pontes. Afetaram ainda os serviços de fornecimento de água, energia elétrica e de serviços de telefonia para centenas de milhares de pessoas.

JUNHO DE 2023 (16 MORTOS): Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o evento ocorrido entre os dias 15 e 16 de junho de 2023 no Rio Grande do Sul foi classificado como um ciclone extratropical. 

Animal em telhado de casa alagada no Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução)

O desastre afetou cerca de 2 milhões de pessoas, resultando em 3,2 mil desabrigados e 4,3 mil desalojados, com danos em mais de 40 cidades. O aumento súbito do nível dos rios contribuiu para o afogamento de pessoas em suas próprias residências.

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As causas dessa tragédia, que resultou na morte de 16 pessoas, estão relacionadas a um período de calor acima do normal, coincidindo com a chegada de uma frente fria. Segundo o chefe do Departamento de Geografia da UFRGS, professor Francisco Eliseu Aquino, as áreas mais afetadas foram a Região Metropolitana, Litoral Norte e parte da Serra. 

SETEMBRO DE 2023 (54 MORTOS): Em setembro de 2023, enchentes catastróficas resultaram na perda de 54 vidas no Rio Grande do Sul, marcando o maior desastre natural da história do estado até aquele momento. 

Imagem aérea de Montenegro, no RS, após ser atingida por ciclone extratropical (Foto: Filipe Serena/Divulgação) 

O Vale do Taquari foi particularmente afetado pelo fenômeno, que teve origem em 4 de setembro de 2023, a partir de um sistema de baixa pressão vindo do Paraguai. Até o momento, quatro pessoas permanecem desaparecidas.

O meteorologista da Climatempo, Gabriel Borges, destaca uma diferença entre o fenômeno ocorrido em setembro de 2023 e os eventos recentes. O ciclone extratropical que atingiu o estado naquele ano concentrou-se mais sobre o continente, passando diretamente sobre as regiões do Rio Grande do Sul e ganhando intensidade ao formar uma frente fria. 

Isso resultou em chuvas altamente concentradas e rápidas, acompanhadas de fortes rajadas de vento. Em contraste, os eventos mais recentes são caracterizados pela persistência das chuvas, sem a mesma intensidade de ventos. Borges enfatiza que o processo de formação do ciclone em setembro de 2023 foi particularmente vigoroso.

NOVEMBRO DE 2023 (5 MORTOS): Em novembro de 2023, cinco mortes foram registradas em consequência de grandes volumes de chuva, principalemnte nas proximidades do Rio Taquari, na Serra e na Região Metropolitana de Porto Alegre. O município de Eldorado do Sul enfrentou transtornos significativos devido às enchentes, com mais de 28 mil pessoas sendo obrigadas a deixar suas residências a partir de 17 de novembro.

Enchente em Encantado, cidade do Rio Grande do Sul (Foto: Silvio Avila/AFP) 

De acordo com Maria Angélica Gonçalves, responsável técnica pelo Núcleo de Informação Meteorológica da Univates, esse evento climático foi influenciado por sucessivas áreas de instabilidade e pela passagem de frentes frias, resultando em chuvas menos intensas em comparação com os eventos anteriores. 

Gonçalves também aponta que as enchentes recorrentes no Vale do Taquari são uma consequência do fenômeno El Niño, que estava ativo em parte de 2023 e continua a influenciar o clima até maio de 2024.

MAIO DE 2024 (85 MORTOS): Agora, em maio de 2024, as chuvas continuam devastando o estado, com previsão de volumes extremamente elevados, alimentadas pelo bloqueio de ar quente no centro do Brasil e o fluxo de umidade da Região Amazônica. 

As causas dos desastres são atribuídas a uma combinação de fatores meteorológicos, como padrões climáticos extremos e o fenômeno El Niño, que tem influenciado o clima na região desde 2023. 



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