
Os Poderes são independentes, mas também harmônicos entre si, o que significa que eles podem – e devem – se integrar na adoção de iniciativas que beneficiam o povo do Piauí.
Na segunda reportagem da série “À luz da lei”, vamos mostrar o quanto o Estado avançou no atendimento a pessoas acometidas pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O avanço veio por meio de legislações que viabilizaram programas de prevenção e identificação dos sintomas, bem como a observância de um atendimento célere, com a estruturação de uma rede de cuidados multidisciplinar.
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INTEGRAÇÃO LEGISLATIVO E EXECUTIVO
Os avanços obtidos na assistência aos avcistas iniciaram em dezembro de 2020, com a aprovação do projeto de lei ordinária de autoria do deputado Gessivaldo Isaías, que disciplinava a criação do Programa de Prevenção ao Acidente Vascular Cerebral.
O dispositivo legal auxiliava a rede de saúde quanto ao monitoramento dos fatores de risco, como controle da pressão arterial, controle das taxas de glicemia e colesterol, além de campanhas educativas e orientações técnicas às equipes de saúde em todo o Estado.
Com a aprovação da matéria e os índices alarmantes de piauienses mortos em decorrência do AVC, em setembro de 2022, ou seja, pouco mais de um ano depois, o Governo do Piauí implantou os projetos das Linhas de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio e do Acidente Vascular Cerebral (AVC), pela então governadora Regina Sousa — uma expansão da iniciativa aprovada pela Assembleia Legislativa. Desde então, o Piauí passou a se tornar referência no atendimento a pacientes que sofreram um AVC, provando que, quando os Poderes se unem, quem sai ganhando é a população.
Diante de tais iniciativas, o MeioNews conta a história de piauienses que sobreviveram ao AVC e como o diagnóstico preciso e um atendimento célere foram essenciais para superar a doença.
#PARATODOSVEREM A imagem mostra uma mulher deitada em uma maca hospitalar, coberta por um lençol claro e usando touca cirúrgica. Ela está sendo transportada por profissionais de saúde dentro de uma ambulância. Um dos socorristas, vestindo uniforme e máscara, está ao lado da paciente, atento ao atendimento. Sobre a cena, em destaque, há um texto em letras grandes e escuras que diz: “2º ato >>>> Quando cada segundo conta”. No canto direito superior, aparece o logotipo do “meio news” em letras azuis. FIM DA DESCRIÇÃO.
Parecia um dia comum na vida de Geovana. O sol brilhava como de costume nas temperaturas escaldantes de Teresina, capital do Piauí. A rotina da jovem de 21 anos transcorria normalmente, exceto pela dor de cabeça incômoda que persistia mesmo após doses contínuas de dipirona. Na academia, ela buscava talvez um alívio, uma pausa na correria de conciliar estudos e trabalho. Porém, não imaginava que, minutos depois, estaria ao chão, desacordada, prestes a iniciar um novo e desafiador capítulo de sua vida.
Quem vê Geovana Tomé na TV, no comando do programa esportivo Olé, jamais poderia supor sua árdua batalha. Ela é sobrevivente de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de um aneurisma, problemas de saúde que assustam qualquer pessoa pelo grave risco de comprometimento neurológico e até mesmo de morte.
Geovana Tomé sobreviveu a um AVC e alerta para importância do atendimento célere (Foto: Reprodução)
#PARATODOSVEREM A imagem é composta por duas fotografias lado a lado, mostrando uma repórter em um ambiente interno, aparentemente uma escola ou auditório, com várias pessoas ao fundo, a maioria vestindo uniformes escolares nas cores verde e branco. Na primeira foto, a repórter está olhando para baixo, segurando um celular em uma das mãos e um microfone com o logotipo azul da emissora TV Meio na outra. Ela tem pele clara, cabelos longos e castanhos, soltos e levemente ondulados. Veste uma blusa branca de manga longa com pequenos detalhes discretos e uma calça preta de cintura alta. Sua expressão é concentrada, como se estivesse se preparando para entrar ao vivo ou revisar anotações. Na segunda foto, a mesma repórter está falando, olhando à frente, com o microfone próximo à boca. Ela mantém a postura ereta e segura o microfone com as duas mãos. Ao fundo, as mesmas pessoas permanecem sentadas, prestando atenção ao que acontece no local. A iluminação é clara, destacando a repórter em primeiro plano. FIM DA DESCRIÇÃO.
Hoje, com 23 anos, a jovem jornalista recorda o pesadelo que enfrentou há dois anos e reflete sobre a necessidade da identificação rápida dos sintomas.
Geovana faz parte de uma estatística que vem preocupando médicos no mundo todo: o aumento no número de casos de AVC em pessoas mais jovens. No ano passado, a revista científica The Lancet Neurology apontou que os casos de Acidente Vascular Cerebral na população com menos de 70 anos aumentaram 14,8% no mundo. Esse índice é ainda maior no Brasil. Dados da Rede Brasil AVC indicam que cerca de 18% das ocorrências afetam pessoas entre 18 e 45 anos no país.
Os números evidenciam a importância de instrumentos — como a legislação aprovada na Assembleia Legislativa do Piauí — que tratem da prevenção do AVC, já que a doença não está restrita a uma faixa etária e pode se manifestar em qualquer idade.
Eu tinha voltado há pouco tempo para a academia. Fui às seis da manhã porque passo o dia todo trabalhando e estudando, é uma rotina cansativa. Quando fiz um exercício, simplesmente caí. A partir daí, não lembro de mais nada.
Geovana Tomé sofria com fortes dores de cabeça antes do diagnóstico (Foto: Reprodução)
#PARATODOSVEREM A imagem é composta por duas fotografias lado a lado, mostrando uma mulher em um cenário natural de grande beleza. Ao fundo, destaca-se a Pedra Furada, um famoso ponto turístico localizado no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. A formação rochosa tem tons alaranjados e terrosos, com um grande vão circular no centro, através do qual se vê o céu azul intenso e sem nuvens. Na foto à esquerda, a mulher está em pé, sorrindo levemente, com o corpo levemente inclinado para um dos lados. Ela tem pele clara, cabelos cacheados e escuros, que caem sobre os ombros. Usa um vestido curto lilás, de alças finas e tecido leve, que se movimenta suavemente com o vento. Na foto à direita, ela aparece em um ângulo mais próximo, com expressão alegre e olhar voltado para o alto, irradiando confiança e felicidade. A luz do sol, intensa e dourada, realça o brilho do cabelo e os tons do vestido, criando um contraste vibrante com o fundo rochoso. FIM DA DESCRIÇÃO.
O AVC que acometeu Geovana foi do tipo hemorrágico, o mais raro e grave, responsável por cerca de 15% dos casos, segundo o Ministério da Saúde. Esse tipo de AVC é causado pelo rompimento de um vaso cerebral, provocando uma hemorragia que pode ocorrer tanto no tecido cerebral quanto na superfície entre o cérebro e a meninge. Ele tem maior probabilidade de causar morte do que o AVC isquêmico.
#PARATODOSVEREM A imagem é um cartaz informativo com fundo preto e detalhes em amarelo e branco, produzido pelo portal meionews.com, cujo logotipo aparece no canto superior esquerdo. O tema é “Quais são os tipos de AVC?”, com destaque visual para a sigla “AVC”, escrita em amarelo. No canto superior direito, há uma ilustração de um cérebro humano desenhado em traços finos brancos, com uma área amarelada na parte superior, simbolizando uma região afetada. No canto inferior esquerdo, outra ilustração mostra o perfil da cabeça humana, evidenciando o cérebro e o sistema circulatório cerebral, também em linhas brancas. O texto explica os dois principais tipos de Acidente Vascular Cerebral (AVC): AVC hemorrágico: ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe no cérebro, provocando hemorragia. O texto informa que o sangramento pode acontecer dentro do tecido cerebral ou entre o cérebro e as meninges. Apesar de representar apenas 15% dos casos, é o tipo com maior risco de morte. AVC isquêmico: acontece quando uma artéria é bloqueada, impedindo o fluxo de oxigênio para as células cerebrais, que acabam morrendo. A obstrução pode ser causada por um coágulo (trombose) ou por um êmbolo deslocado pelo sangue (embolia). Este é o tipo mais comum, responsável por 85% dos casos de AVC. FIM DA DESCRIÇÃO.
Geovana precisou passar por um procedimento cirúrgico, e os dias após a cirurgia não foram fáceis, exigindo muita força mental e resiliência.
Passei alguns dias na UTI. Foram momentos muito difíceis: muitos aparelhos, você não pode se mexer, fica apenas olhando para o teto. Até o barulho dos aparelhos começou a me incomodar. Passa muita coisa pela cabeça, e eu só conseguia dormir com remédios. Foi horrível.
Geovana praticamente não teve sequelas e hoje é apresentadora de tv (Foto: Francy Teixeira/MeioNews)
#PARATODOSVEREM A imagem mostra uma mulher em um estúdio de televisão, em pé, sorrindo levemente para a câmera. Ela tem cabelos longos, lisos e castanhos escuros, pele clara e usa maquiagem suave. Está vestida com uma camisa azul-marinho estampada com pássaros cor-de-rosa e uma calça jeans clara, transmitindo um visual casual e profissional ao mesmo tempo. Na mão direita, ela segura uma pasta ou caderno branco com detalhes em verde, provavelmente material de apoio ou roteiro de gravação. Ao fundo, o ambiente é composto por equipamentos de filmagem, incluindo câmeras de estúdio, monitores e cabos. Um dos monitores exibe a imagem de um homem de terno escuro, com o título “PATRULHA” em letras vermelhas e pretas. FIM DA DESCRIÇÃO.
LEI GARANTE ORIENTAÇÃO TÉCNICA: TEMPO É VIDA
Lidando diariamente com as câmeras e se destacando na comunicação, o caso de Geovana surpreende os profissionais de saúde. Ela praticamente não teve sequelas e despertou após o AVC e a cirurgia do aneurisma com suas funções intactas.
No dispositivo aprovado na Alepi, consta que um dos objetivos do Programa de Prevenção ao AVC é “promover orientação técnica às pessoas suscetíveis”. Nesse sentido, o médico neurologista Eduardo Borges explica o quão crucial é o acesso à informação, para que o paciente seja atendido o mais rápido possível. Cada segundo conta e pode representar a vida ou a morte.
Essa rápida identificação dos sintomas é crucial para que a avaliação e o tratamento sejam realizados o mais breve possível, pois tempo é neurônio. Sabe-se que cada minuto perdido representa a morte de aproximadamente 2 milhões de neurônios, o que aumenta o risco de morte ou sequela grave.
O médico explicita que há um mnemônico conhecido para o AVC, o qual reproduziremos a seguir:
#PARATODOSVEREM A imagem é um cartaz informativo com fundo preto e detalhes em amarelo e branco, produzido pelo portal meionews.com. O tema central é a identificação rápida de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), com o título: “Mnemônico do AVC SAMU”. No canto superior esquerdo está o logotipo do portal, “meionews.com”, em letras brancas. À direita, há uma ilustração de um cérebro humano, com linhas finas brancas e uma área amarelada destacando uma parte do órgão, simbolizando a região afetada durante um AVC. O texto do cartaz explica o significado de cada letra da sigla SAMU, como uma forma fácil de lembrar os sinais do AVC: S – Sorria: peça para a pessoa dar um sorriso; se um dos lados da face entortar ou paralisar, pode ser um AVC. A – Abrace: veja se a vítima consegue levantar os dois braços; geralmente, um dos braços não se levanta ou cai. M – Música: incentive a pessoa a repetir uma frase de música; se ela não conseguir pronunciar corretamente, é outro sinal.Urgente: caso algum sintoma seja identificado, deve-se ligar imediatamente para o SAMU, no número 192, ou levar a pessoa à emergência. Na parte inferior esquerda, há uma segunda ilustração de perfil da cabeça humana, com o cérebro desenhado em linhas brancas. FIM DA DESCRIÇÃO.
Diagnosticado o AVC, parte-se para a análise clínica, com as intervenções pertinentes. Aí entra a linha de cuidados adotada no Piauí. O trombolítico, inclusive, já é disponibilizado — refere-se à utilização de uma medicação intravenosa que visa à dissolução do coágulo, minimizando o risco de morte neuronal.
O neurologista Eduardo Borges pontua:
Existe a possibilidade de usarmos uma medicação na veia (trombolítico) em até 4h30min do início dos sintomas, que dissolve o coágulo e restabelece o fluxo sanguíneo normal nos casos de AVC isquêmico. Além disso, outras medidas são implementadas no sentido de minimizar a morte neuronal, idealmente em uma unidade de AVC, que é uma unidade multiprofissional com protocolos internacionais bem estabelecidos para o melhor cuidado desses pacientes.
TROMBOLÍTICO AJUDA A SALVAR VIDAS E MINIMIZAR AS SEQUELAS
Com o Legislativo e Executivo integrados, as Linhas de Cuidado para Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) têm salvado vidas no Piauí. Essa iniciativa visa proporcionar um atendimento ágil e eficaz a pessoas acometidas por essas condições graves.
Do início do programa, em outubro de 2022, até dezembro de 2024 (dados mais recentes disponibilizados), foram realizados 6.457 atendimentos, com a aplicação de 849 trombólises — tratamento que aumenta as chances de recuperação sem sequelas quando administrado no tempo adequado.
O AVC é uma das principais causas de morte no Brasil, tirando a vida de mais de 100 mil pessoas por ano, segundo a Sociedade Brasileira de AVC. No Piauí, os números reforçam a relevância de estratégias que promovam rapidez no diagnóstico e acesso ao trombolítico, principalmente em casos de AVC isquêmico e infarto.
Um exemplo de sucesso dessa política é o caso de Carlos Augusto, motorista que sofreu um AVC em julho de 2024. O episódio ocorreu enquanto ele estava em casa com a família. Após desmaiar e perder os movimentos, sua esposa rapidamente identificou os sinais de AVC e o levou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Lá, ele foi atendido via telemedicina e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, onde recebeu o trombolítico dentro do período crítico de 4h30min.
“Após receber o medicamento, fiquei alguns dias internado, mas posso dizer com tranquilidade que a rapidez no atendimento e a qualidade do serviço do HGV foram cruciais para a minha recuperação. Estou aqui hoje com minha família graças ao atendimento recebido”, relatou Carlos.
Carlos foi medicado com o trombolítico e se recupera bem do AVC (Foto: Divulgação)
#PARATODOSVEREM Na imagem, vemos um casal posando lado a lado em um ambiente externo, com um muro verde ao fundo e algumas plantas ao redor. O homem, à esquerda, tem pele clara, cabelo curto e escuro, e veste uma camiseta cinza. Ele está com uma expressão neutra e o braço direito levemente abaixado ao lado do corpo. A mulher, à direita, também tem pele clara, cabelo preso para trás e sorri levemente. Ela usa uma blusa vermelha com mangas curtas bufantes e um pequeno recorte na gola. Atrás deles, há uma árvore, folhas verdes e um muro com parte pintada de verde e parte revestida com pequenos azulejos quadrados. FIM DA DESCRIÇÃO.
Elane Rodrigues, esposa de Carlos, destacou a eficiência no atendimento:
Tudo aconteceu muito rápido, entre 30 a 40 minutos desde a UPA até o HGV. Os médicos afirmam que a agilidade em receber o medicamento foi a diferença entre a vida e a morte. O tratamento do SUS mostrou a qualidade do serviço.
O socorro aos pacientes com AVC deve ser imediato; quanto mais rápido, maiores as chances de preservar a vida. Com a atuação integrada dos Poderes Legislativo e Executivo, vê-se que é possível oferecer um atendimento célere e de qualidade, permitindo que as histórias de milhares de piauienses tenham continuidade e não sejam abreviadas.




