Memória

Coluna sobre fatos históricos, acontecimentos e pessoas que marcaram a história da humanidade

Defensores da natureza lembram hoje o assassinato de Chico Mendes

Morto a mando de madeireiros da região de Xapuri, no Acre, Chico Mendes entrou definitivamente para a história como um dos maiores ativistas ambientais

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Num momento da história mundial em que as questões ambientais ganham dimensões espetaculares, e no Brasil ocorrem as mais graves e intensas ações de destruição da natureza, os olhares se voltam hoje para Chico Mendes, o bravo e intenso seringueiro e ativista ambiental, que foi assassinado nesta data, em 22 de Dezembro de 1988, quando tinha apenas 44 anos de idade.

Morto a mando de madeireiros da região de Xapuri, no Acre, Chico Mendes entrou definitivamente para a história como  um dos maiores ativistas ambientais da humanidade, defensor intransigente das nossas florestas. 

Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes (Xapuri/Acre: 15 de dezembro de 1944 - 22 de dezembro de 1988), foi um ambientalista, sindicalista, ativista político e seringueiro. Militante da reforma agrária e da conservação do meio ambiente, além de fundador de reservas extrativistas não predatórias, Chico Mendes foi assassinado por donos de terras opositores à sua luta.

Defensores da natureza lembram hoje o assassinato de Chico Mendes - Imagem: Reprodução

Chico Mendes nasceu no seringal Porto Rico, localizado na região de Xapuri, no Acre. Com pai seringueiro, ele acompanhou o trabalho dos seringueiros desde a infância, tornando-se profissional da área. Diferentemente de outros seringueiros, que eram analfabetos devido ao difícil acesso aos estudos na região, Mendes alfabetizou-se aos 16 anos, quando aprendeu a ler e escrever com Euclides Távora, refugiado político que morava próximo de sua casa.

Chico Mendes teve três filhos — Angela (da primeira união), Elenira e Sandino. O ambientalista deixou viúva Ilzamar Mendes, com quem ficou casado de 1983 a 1988.

A política implantada pelo regime militar na Amazônia, na década de 1970, foi responsável por fomentar conflitos de terra, já que a substituição da borracha pela pecuária intensificou a especulação fundiária (investimento e valorização econômica de propriedades pertencentes aos fazendeiros, dificultando o acesso de pequenos produtores às terras), além de ter aumentado a devastação ambiental, a fim de gerar pastos para a criação de gado.

Defensores da natureza lembram hoje o assassinato de Chico Mendes - Imagem: Reprodução

A exploração dos seringueiros e a vida na pobreza geraram, em Chico Mendes, a necessidade de buscar meios para melhorar o trabalho nos seringais. A extração da borracha era pautada por relações desiguais que geravam miséria. Em seu sistema de troca de mercadorias industriais pelo produto (látex), conhecido por aviamento, o endividamento dos seringueiros era algo constante. Trabalhadores que se rebelavam eram punidos por policiais, assim como os donos dos seringais estabeleciam um regimento para castigos físicos aos seus subordinados que protestassem.

Foi com a formação de sindicatos no Acre que Mendes entrou na luta por melhorias, fazendo parte da Diretoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia, em 1975.

Marca registrada do movimento sindicalista acriano da década de 1970, os embates nas derrubadas começaram no ano de 1976, sob liderança do presidente do sindicato de Brasileia, Wilson Pinheiro. Os embates consistiam na reunião de seringueiros e suas famílias nas áreas ameaçadas de desmatamento, momento em que os manifestantes colocavam-se em frente aos peões e suas máquinas para impedir o prosseguimento das derrubadas.

Wilson Pinheiro foi assassinado em 1980, dentro da sede do sindicato, como forma de represália ao movimento sindicalista. Em 1983, Chico Mendes foi eleito presidente da unidade sindical de Xapuri, sindicato criado por ele. Mendes também foi o fundador da União dos Povos das Florestas (grupo composto por indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores e populações ribeirinhas).

Defensores da natureza lembram hoje o assassinato de Chico Mendes - Imagem: Reprodução

Chico Mendes foi eleito vereador em 1977 pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mas sua ligação com a política fortaleceu-se com a criação do Partido dos Trabalhadores (PT), o qual ajudou a fundar. Além disso, Chico tentou eleger-se deputado e não obteve sucesso.

Inicialmente com foco na preservação das seringueiras, Chico Mendes acabou conhecendo mais sobre as matas e a respeito da importância da conservação ambiental para a sociedade. Com isso, o ativismo ambiental intensificou-se em suas lutas como sindicalista e ativista.

No começo, pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade.

Morte

Ao longo da sua luta pela preservação do meio ambiente e melhores condições de trabalho para os seringueiros, Chico Mendes foi alvo de ameaças de morte por sua militância, principalmente ao ganhar notoriedade na política. O sindicalista chegou a contar com escolta policial para garantir sua segurança.

Defensores da natureza lembram hoje o assassinato de Chico Mendes - Imagem: Reprodução

Chico Mendes foi morto em 22 de dezembro de 1988, no quintal de sua casa, enquanto saía para tomar banho em um banheiro externo. O ativista foi atingido por tiros de escopeta disparados por Darci Alves, o qual cumpria ordens de seu pai, Darly Alves, grileiro de terras da região.

“Ali ele [o assassino] não calou uma voz, pelo contrário, ele levantou várias vozes”, Genésio — única testemunha do crime — no documentário Genésio - um pássaro sem rumo: a única testemunha do assassinato de Chico Mendes.



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