José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Esclarecer o roubo de armas e punir os culpados, é o dever

A descoberta do desaparecimento se deu há exatos nove dias, quando uma inspeção no arsenal revelou o sumiço das 21 metralhadoras

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O Exército Brasileiro está próximo de esclarecer o sumiço de 21 metralhadoras, detectado no último dia 10 de outubro no quartel do Comando Militar Leste, em Barueri, São Paulo, e que é o maior furto de armas militares desde o ano de 2009.  

A descoberta do desaparecimento se deu há exatos nove dias, quando uma inspeção no arsenal revelou o sumiço das 21 metralhadoras, sendo 13 do calibre ponto 50, com capacidade para perfurar e derrubar aviões no ar. As outras 8 metralhadoras são de  calibre 7.62, também de grande potência. Essas aí,  têm capacidade de dar 600 tiros por minuto e chegam ao alcance de alvo a 3,5 quilômetros de distância. 

Nesta quinta-feira, o Exército anunciou ter identificado ao menos três militares como suspeitos de participação no roubo das metralhadoras. Desde a constatação do desaparecimento dessas armas de grande poder ofensivo, o comando da Força manteve os 480 integrantes do seu corpo aquartelados, condição em que permaneceram por quase uma semana.

Só na terça-feira feira o comando da tropa liberou 320 dos seus integrantes, mantendo 160 aquartelados, sem possibilidade de sair até o esclarecimento definitivo do caso.  Todos os militares que tinham alguma incumbência na fiscalização e controle do arsenal serão responsabilizadas e cumprirão punições disciplinares.  

Os que estiverem diretamente envolvidos serão submetidos a julgamento na justiça. Além de identificar e punir os culpados, a tarefa principal neste momento, segundo o Exército, é resgatar as armas furtadas, impedindo que elas possam ter uso nas mãos de facções criminosas. 

Conforme estudos desenvolvidos pelo instituto Sou da Paz, entidade sem fins lucrativos que faz acompanhamento sobre armas, seu uso e as ações da segurança pública no Brasil, entre janeiro de 2015 e março e 2020, ao menos 27 armas foram roubadas do Exército, sendo a última ocorrência anterior a esta o furto de 7 fuzis do calibre 762, levados de um batalhão da cidade de Caçapava, também em São Paulo, no ano de 2009. Nesse período de pouco mais de cinco anos, sumiram 10 fuzis, 9 pistolas, 5 espingardas, 1 submetralhadora e 2 fuzis-metralhadoras. 

No episódio de Caçapava, no interior de São Paulo, foram roubados sete fuzis de um posto de sentinela do batalhão. Na ocasião, o Exército informou que criminosos invadiram o 6º Batalhão de Infantaria Leve, renderam os militares e levaram as armas. Três meses depois, os fuzis foram recuperados e os suspeitos foram presos. 

A partir do roubo de fuzis no quartel de Caçapava, em 2009, os comandantes militares teriam aumentado as atenções a possíveis ligações de seus integrantes com facções criminosas. É dessa observância mais atenta que surgem documentos, já em 2020, onde o Exército demonstra preocupação com esses desvios, rastreando sobretudo os desvios registrados anteriormente. Segundo consta, o crime organizado tem interesse específico de usar o arsenal do Exército em roubos a carros fortes e bancos, invadindo pequenas cidades do interior do país, nas ações que passaram a ser conhecidas como “Novo Cangaço.”

A Polícia Militar de São Paulo e também a Polícia Civil estão fora das investigações sobre o roubo de armas, uma atribuição que ficou como exclusiva do próprio Exército, mesmo o secretário de segurança pública do Estado tendo se oferecido para atuar nas investigações.  

É bom mesmo que esses roubos de armamentos do Exército tenham fim e sejam exemplarmente esclarecidos e seus autores punidos. Nisso o sistema de justiça deve exercer um papel competente de responsabilidade e cooperação, contribuindo para que os apontados pelos crimes sejam, de conformidade com as leis, sentenciados.  

Essa é a conduta que a sociedade- que deseja viver em paz e segurança-, espera dos comandantes militares, mas também dos aplicadores da justiça, diferentemente do que reclama o atual comandante do Exército, General Tomás Paiva. Esta semana, ao comentar sobre o esforço para esclarecer esse roubo de armas em Barueri, ele relatou que um capitão da corporação, colhido em ação criminosa, levou quatro anos para ser condenado. Essa morosidade depõe contra o sistema de justiça e faz muito mal ao povo brasileiro.



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