Vereadores de SP podem custar R$ 3,8 milhões a mais por ano

A proposta previa que o salário dos vereadores saltaria de R$ 9.288,05 (valor bruto atual, sem desconto) para R$ 15.031,76 a partir de 2013

Avalie a matéria:
|

Os 55 vereadores eleitos que vão assumir seus mandatos em janeiro na Câmara Municipal de São Paulo poderão custar R$ 3,8 milhões a mais por ano que os atuais parlamentares. O impacto se deve a um polêmico reajuste salarial de 61,8% aprovado na Casa no fim de 2011 e suspenso pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça) neste ano.

A proposta previa que o salário dos vereadores saltaria de R$ 9.288,05 (valor bruto atual, sem desconto) para R$ 15.031,76 a partir de 2013. A quantia equivale a 75% dos vencimentos de um deputado estadual e é o teto constitucional de remuneração a legisladores municipais.

O aumento faz parte de um pacote de reajustes e benefícios previstos em uma resolução aprovada pelos atuais parlamentares em novembro de 2011. A medida, porém, foi suspensa pelo TJ em fevereiro a partir de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) apresentada pelo procurador-geral de Justiça à época, Fernando Grella.

Na ação, o ex-chefe do Ministério Público contestou três pontos da resolução: 1) criação do 13º salário aos vereadores a partir de 2013; 2) correção monetário anual do subsídio todo mês de março; 3) reajuste imediato de 22,7%, mesmo índice dado aos servidores da Câmara, retroativo a março de 2011. Para ele, todos os itens são inconstitucionais.

Segundo Grella, "os vereadores não poderiam receber 13º subsídio, pois são agentes políticos, e não servidores públicos".

A medida causou polêmica e acabou sendo suspensa em março deste ano pelo TJ (Tribunal de Justiça) Para o desembargador Enio Zuliani, apenas trabalhadores, e não agentes políticos, têm direito ao 13º salário. Ele afirmou também que a vinculação do aumento dos vereadores com o dos servidores municipais, justificativa apresentada pela Câmara, é descabida. A Câmara recorreu da decisão e passou a depositar em juízo o valor do reajuste de 22,7% retroativo.

Procurada ontem pela Folha, a assessoria da presidência da Câmara informou que, pelo entendimento da Procuradoria da Casa, apenas o 13º salário e o o reajuste retroativo foram suspensos pela Justiça. Segundo o departamento, o aumento de R$ 5,7 mil por mês para cada parlamentar será pago automaticamente a partir de janeiro.

PARA O SUCESSOR

O presidente da Casa, José Police Neto (PSD), porém, disse que prefere aguardar que a Justiça "elucide o processo" para saber se o reajuste será aplicado ou não.

"Tem um processo em curso de contestação de tudo o que foi aprovado à época. Vou deixar para o próximo presidente [resolver o assunto]. Decisão do juiz se cumpre. Não existe interpretação", ponderou Police Neto.

Em maio, o STF (Supremo Tribunal Federal) negou liminar ajuizada pelo presidente da Casa que tentava garantir a validade jurídica da resolução aprovada em 2011.

Na reclamação, a Câmara alegou que o TJ não possui competência para julgar a ação direta contra a resolução e que a Constituição Estadual não sustentaria a declaração da inconstitucionalidade da resolução.

O ministro Joaquim Barbosa, porém, entendeu que "não há impedimento ao processamento e julgamento de ações diretas pelos tribunais de Justiça estaduais".

Mesmo sem saber ainda se o reajuste será aplicado ou não a partir de 2013, a Câmara terá um orçamento 23% maior que o deste ano.

Pela proposta orçamentária enviada pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) em setembro, o orçamento da Casa, que neste ano é de R$ 472 milhões, subirá para R$ 580,9 milhões a partir do próximo ano. O projeto deve ser votado até o fim do ano.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES