O crédito pré-aprovado, que oferece dinheiro emprestado de acordo com o perfil do cliente, tem sido a saída dos bancos públicos para impulsionar a oferta de crédito no país. No Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, os terminais já respondem por mais da metade dos empréstimos concedidos, segundo dados obtidos pelo R7.
No Banco do Brasil, dos 2,2 milhões de empréstimos fechados por pessoas físicas (famílias), entre consignado - com desconto em folha - e crédito pessoal no primeiro trimestre, 52% foram concluídos por terminais automáticos. Na Caixa, 100% das operações de CDC (crédito direto ao consumidor) são feitos nos postos de auto-atendimento.
Maior comodidade e facilidade na obtenção do empréstimo têm impulsionado a modalidade, segundo Nilson Martiniano Moreira, diretor de empréstimos e financiamentos do BB.
- Hoje, o cliente não tem mais que pedir crédito. É um direito dele e o banco está ali para servi-lo. A simulação das prestações é feita nos caixas eletrônicos e não há diferença nas taxas de juros entre as operações presenciais (nas agências) e nos terminais.
O uso eletrônico nas transações bancárias representa mais de um terço das 47 bilhões de operações realizadas em 2009, seguida pelo internet banking (via internet), com 20% das operações, de acordo com um levantamento feito pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Os caixas das agências, que antes eram o principal canal das operações bancárias, aparecem em quarto lugar, com 9% das operações, respondendo por 4,4 bilhões de transações.
Risco
Apesar das facilidades, o empréstimo eletrônico pode ser uma armadilha para os consumidores impulsivos, que costumam pegar o empréstimo de olho apenas no valor da prestação, segundo Roberto Vertamatti, do conselho de administração da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
- O empréstimo direto no caixa deve ser a última opção para o consumidor, pois geralmente permite prestações maiores, o que acaba comprometendo o orçamento do cliente no longo prazo. Os bancos sempre querem emprestar no maior número de prestações possível, com parcelas mais baixas o cliente se ilude.
Apesar do crescimento no número de concessões de empréstimos, que chegou a R$ 1,46 trilhão em abril - um aumento de 17,6% na comparação com abril do ano passado ? o ritmo das taxas de juros não tem caído. Atualmente, o crédito pessoal tem uma taxa média de 135% ao ano, enquanto o consignado (com desconto em folha) chega a 34%.
Mesmo inferior às demais taxas do mercado, Roberto recomenda que o cliente vá pessoalmente até uma agência antes de fechar algum empréstimo, mesmo sendo consignado.
Orientação
Para Fábio Cássio da Costa, diretor de educação financeira da Febraban, o papel do gerente tem se aproximado cada vez mais do orientador do que do ?funcionário que precisa bater metas?. Ele cita, por exemplo, as práticas antigas das financeiras de abordar das pessoas na rua para oferecer crédito.
- Não interessa mais para os bancos oferecer o crédito de forma aleatória. O custo da inadimplência é alto, porque o mercado inteiro paga. Mesmo com a automatização, o gerente de banco sempre será imprescindível ao banco, já que ele é a ponte entre a instituição e o cliente.
Dados da Serasa Experian apontam que o calote do consumidor no primeiro quadrimestre deste ano - período de janeiro a abril - registrou a maior queda para o período em dez anos. Para os analistas, os resultados refletiram um ?forte crescimento econômico?, com a criação de empregos e elevação da renda, além da normalização da oferta de crédito ao consumidor após os efeitos mais agudos da crise global e do maior estímulo à renegociação de dívidas.