Um novo estudo publicado na última quarta-feira (16) na revista The Lancet Planetary Health trouxe um alerta preocupante: o arroz, alimento básico para bilhões de pessoas ao redor do mundo, pode se tornar ainda mais tóxico com o avanço das mudanças climáticas.
A pesquisa, liderada por Lewis Ziska, fisiologista vegetal e professor da Universidade de Columbia (EUA), em parceria com cientistas chineses e norte-americanos, analisou como diferentes espécies de arroz respondem ao aumento das temperaturas e da concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. A conclusão foi clara: quanto mais calor e CO₂, maior a concentração de arsênio no grão.
O vilão invisível
O arsênio é um metal pesado naturalmente presente em solos e águas, e é conhecido por ser altamente tóxico. Quando consumido regularmente, mesmo em pequenas quantidades, pode aumentar o risco de cânceres de pele, bexiga e pulmão, além de causar doenças cardíacas e problemas neurológicos, especialmente em crianças.
Devido à forma como o arroz é cultivado em campos alagados e com uma estrutura que facilita a absorção de substâncias, ele acaba acumulando mais arsênio inorgânico do que outros alimentos. Segundo Ziska, o que mais surpreendeu os pesquisadores foi o efeito combinado entre temperatura e CO₂:
"Sabíamos que ambos os fatores isoladamente poderiam aumentar os níveis, mas juntos o impacto foi muito maior do que o esperado", afirmou.
Alternativas e soluções
Além de destacar os riscos, o estudo também aponta caminhos para mitigar o problema. Os cientistas defendem o desenvolvimento de variedades de arroz menos propensas a absorver arsênio, políticas públicas mais rígidas de controle e fiscalização e, quando possível, a diversificação da dieta com outros cereais e grãos.
Com metade da população mundial dependendo do arroz como principal fonte de energia e nutrientes, principalmente em países em desenvolvimento, qualquer mudança na qualidade desse alimento pode ter consequências globais. A pesquisa reforça o quanto o aquecimento global está afetando diretamente a segurança alimentar.