A recusa da atriz Bianca Bin em aceitar novos convites para novelas reacendeu uma discussão urgente: o impacto das jornadas exaustivas na saúde mental de trabalhadores de diferentes áreas. A decisão, segundo ela, não é falta de interesse, mas uma necessidade de preservar o equilíbrio pessoal.
“Meu problema com a TV é que não conseguem garantir duas folgas semanais”, explicou Bianca. “Foram dez anos de novela, alta demanda, seis dias gravando e um de descanso. Nesse único dia, ainda precisava decorar 50 páginas de texto. A cabeça não para.”
O cenário descrito pela atriz dialoga com dados recentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em 2024, foram registrados 3,5 milhões de pedidos de licença, sendo 472 mil relacionados a problemas de saúde mental, reflexo de um cotidiano marcado por pressão, cobrança e falta de pausas.
O QUE É O BURNOUT
Classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome associada ao ambiente de trabalho, o burnout resulta da sobrecarga e da ausência de controle sobre as demandas diárias.
“Vivemos uma cultura da produtividade contínua, que não deixa espaço para pausas. Essa é a fórmula para o colapso”, afirma a psicóloga Ana Lara Vilar, especialista em saúde emocional.
Segundo ela, os efeitos não se limitam ao corpo: comprometem clareza mental, motivação e podem gerar consequências duradouras.
RECUSAR É CUIDAR
Na avaliação da psicóloga, a decisão de recusar projetos deve ser entendida como um ato de preservação:
“Não é fraqueza, é cuidado. Sem equilíbrio entre exigência e recuperação, o organismo cobra a conta”.
Ao expor seus limites, figuras públicas como Bianca contribuem para ampliar o debate sobre autocuidado e a necessidade de rever modelos profissionais baseados no rendimento incessante.
“Dizer não também pode ser uma forma de salvar uma carreira, porque preservar a sanidade é parte fundamental de qualquer trajetória”, conclui Ana Lara.