Câncer de intestino tem aumento de 64% em internações

Aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e a redução do consumo de fibras, somados a sedentarismo, tabagismo e alcoolismo, são as principais causas do crescimento dos cânceres intestinais

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O número de internações por câncer de intestino (também chamado colorretal) aumentou 64% nos últimos dez anos, um resultado que preocupa especialistas de diferentes áreas. Todos apontam as mesmas causas para esse crescimento tão significativo: alimentação e estilo de vida. Com isso, os tumores de cólon já constituem o segundo tipo mais prevalente da enfermidade entre homens e mulheres, atrás apenas de próstata e mama, respectivamente.

O levantamento inédito foi realizado pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).

Câncer de intestino tem aumento de 64% em internações (Foto: Reprodução)

Médicos explicam que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e a redução do consumo de fibras, somados a sedentarismo, tabagismo e alcoolismo, são as principais causas do crescimento dos cânceres intestinais.

“O câncer colorretal sempre foi prevalente, mas os números vêm aumentando, e ele já é o segundo mais comum tanto para homens quanto para mulheres”, explicou o cirurgião Marcelo Averbach, do Hospital Sírio-Libanês, coordenador nacional da campanha março azul para prevenção do câncer de intestino. “O aumento do número de casos é decorrente, basicamente, de condições ambientais, sobretudo da dieta, rica em alimentos ultraprocessados e embutidos, baixa ingestão de fibras e de líquidos. Além disso, há outras questões comportamentais, como sedentarismo, tabagismo e alcoolismo”.

Segundo o trabalho, os registros de internação trazem números alarmantes: foram 657.183 hospitalizações só no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento dessa doença entre 2012 e 2021, com impactos imensuráveis para milhares de famílias brasileiras. Neste mesmo período, foi observado um crescimento de 64% das internações.

Já os dados de mortalidade decorrentes desse tipo de neoplasia indicam que, somente em 2021, foram registrados 19.924 óbitos por câncer do cólon, da junção retossigmoide e do reto, alta de 40% em relação a 2012.

Alimentação

“A associação entre estilo de vida e câncer colorretal vem sendo demonstrada em vários estudos científicos”, afirmou a professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Wilza Peres. “Isso envolve a má qualidade da alimentação e também o consumo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo. A qualidade da alimentação vem piorando muito nos últimos anos, não só no Brasil mas em todos os países ocidentais”.

De fato, a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o brasileiro come, por exemplo, cada vez menos feijão com arroz, prato considerado excelente por nutricionistas, por reunir proteínas, carboidratos e fibras.

Entre a pesquisa realizada em 2002/2003 e a última, de 2017/2018, a média per capita anual de consumo de feijão caiu de 12,4 quilos para 5,9 quilos – uma redução de 52%.

Por outro lado, alimentos preparados e misturas industriais registraram alta de 56%, e as bebidas alcoólicas, de 19%. mA proporção de pessoas com obesidade na população com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou no País entre 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, de 2020.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Avalie a matéria:
Tópicos
SEÇÕES