O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, é uma data que visa a REPRESENTATIVIDADE e RECONHECIMENTO da população negra e afrodescendente. Apenas a partir da década de 90, o Brasil passou a reconhecer a diferença racial como um dos fatores de desigualdade social no país, o que tem impacto direto na saúde dessa população.
A população negra compõe mais da metade dos brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 54% da população do país se autodeclara negra. Além do racismo encarado diariamente e apesar de algumas conquistas institucionais, pessoas negras devem ficar alertas para o risco de desenvolverem alguns problemas de saúde, principalmente por conta de questões genéticas que aumentam a vulnerabilidade a determinadas enfermidades.
Veja abaixo as doenças mais frequentes na populança negra e como preveni-las.
E QUAIS SERIAM ESSAS DOENÇAS?
Podemos dividir as doenças mais comuns na população negra em 3 grupos: 1) as geneticamente determinadas (anemia falciforme, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e foliculite), 2) as adquiridas (desnutrição, anemia ferropriva, mortalidade infantil, depressão, tuberculose) e 3) as de evolução agravada (hipertensão, diabetes, insuficiência renal, câncer e coronariopatias).
No entanto, segundo a 3ª edição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), as doenças genéticas (relacionadas a alterações no DNA) ou hereditárias (passadas de pais para filhos) mais comuns na população negra, são a Anemia Falciforme, o Diabetes Melittus tipo II, a Hipertensão Arterial e a Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase.
ANEMIA FALCIFORME
O que é?
A Anemia Falciforme está presente em 10% da população negra. É uma doença genética hereditária, onde ocorre uma alteração no gene que serve de "receita" para a formação de umas das proteínas (hemoglobina) que formam a célula vermelha do nosso sangue, chamada de hemácia. Com a "receita" errada, o corpo produz hemoglobinas defeituosas, e principalmente quando não estão em contato com o oxigênio, se unem a outras hemoglobinas, enrijecendo as hemácias e dando a elas o famoso formato de FOICE.
Devido a esse formato, há maior dificuldade de as hemácias circularem pela corrente sanguínea. E como são elas as responsáveis por levar o oxigênio para as células do nosso corpo, todo esse sistema fica comprometido. Além disso, pode ocorrer a formação de coágulos, impedindo completa ou parcialmente a passagem do sangue.
Quais são os sintomas?
Geralmente, a doença é identificada logo após o nascimento, através do teste do pezinho, e a criança apresenta sintomas como icterícia (pele amarelada), fadiga, pneumonia e úlceras nas pernas. Em adultos, é mais comum os sintomas de anemia, como fraqueza, fortes dores nas costas, pernas e braços.
E olha que interessante: a anemia falciforme é considerada uma defesa do corpo contra a MALÁRIA, pois é mais comum em países com maior incidência da doença. Células com formato de foice são mais difíceis de serem invadidas pelo parasita Plasmodium falciparum, causador da malária, o que diminui os riscos de morte.
DIABETES MELLITUS TIPO II
O que é?
O Diabetes Mellitus ocorre quando há acúmulo de glicose, um tipo de açúcar, no sangue. Essa glicose, em condições normais, entra dentro das células, onde é consumida e transformada em ENERGIA. Existe um hormônio responsável por permitir que a glicose entre na célula, como uma chave que abre a porta, e é chamado de INSULINA. No diabetes tipo I, há lesões nas células pancreáticas que produzem a insulina e no tipo II, a produção ocorre normalmente, porém as células do organismo são resistentes a ela, como se a chave não funcionasse.
Esse último tipo é o mais comum entre a população negra, atingindo 9% a mais homens negros, quando comparados aos brancos, e 50% a mais mulheres negras, quando comparadas as brancas. O Diabettes Mellitus tipo II é 4ª causa de morte e 1ª causa de cegueira adquirida no Brasil.
Quais são os sintomas?
Aumento da frequência de urinar, aumento da fome, sede em excesso e emagrecimento. O diabetes deve ser diagnosticado precocemente, pois os níveis glicêmicos desregulados aumentam os riscos de doenças cardiovasculares e retinopatia diabética.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
O que é?
A famosa pressão alta! Quando a pressão está acima do 12 por 8 (120 por 80 mmHg). Ela atinge de 10 à 20% dos adultos, e chega a causar até 14% das mortes no Brasil, sendo mais prevalente entre os homens e com mais complicações em pessoas negras. Nos Estados Unidos, ela é responsável por mais de 50% das diferenças raciais nas taxas de mortalidade.
Quais são os sintomas?
E é preciso tomar ainda mais cuidado: pois é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas específicos, mas aumenta os riscos de insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal.
DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE
O que é?
Essa doença afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo, sendo 13% negros americanos, 5% população do Mediterrâneo e 40% pessoas do Oriente Médio. Também é uma doença genética que compromete o funcionamento das hemácias, assim como a anemia falciforme, porém de uma forma diferente. A glicose-6-fosfato desidrogenase é uma enzima que diminui os efeitos maléficos do estresse oxidativo produzido pelo metabolismo das hemácias. Em sua falta, a membrana das hemácias pode se romper mais facilmente, matando a célula (hemólise), e causando ANEMIA HEMOLÍTICA.
Para sermos formados, recebemos dos nossos pais os CROMOSSOMOS contendo todo o material genético necessário para nossa formação. Dentre eles, estão dois sexuais: o X e o Y. A mãe sempre transfere um cromossomo X, e o pai ou um X ou um Y. Caso a combinação seja XX, será menina, e XY, menino. A deficiência de G6PD está no cromossomo X, e por isso é mais comum nos HOMENS.
Quais os sintomas?
Ao nascer, o bebê pode apresentar icterícia (pele amarelada) e anemia severa, e durante a vida a pessoa pode apresentar hemólise, geralmente desencadeado pelo uso de medicamentos, febre, urina escura, dor nas costas e na barriga e fadiga.
Dessa forma, a PREVENÇÃO e o DIAGNÓSTICO PRECOCE de todas essas doenças são essenciais para a qualidade de vida da população negra e afrodescendente. No Sermege, você conta com o atendimento de quem compartilha da sua história. Estamos há mais de 35 anos cuidando da população de Camaçari e região com excelência.