Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, acompanhou mais de 3,5 mil pacientes e sugere que uma dose diária de aspirina pode diminuir significativamente a chance de recorrência do câncer colorretal após cirurgia de remoção do tumor.
O estudo, chamado Alascca, avaliou pacientes que já haviam retirado tumores e comparou aqueles que tomaram aspirina em baixa dose com os que receberam placebo. O resultado mostrou que o uso do medicamento reduziu em 55% o risco de retorno da doença, principalmente em indivíduos com determinadas mutações genéticas.
“Com essas mutações, o risco de recorrência caiu mais de 50%. É um efeito enorme que pode mudar a prática clínica”, afirmou Anna Martling, coordenadora da pesquisa.
O câncer colorretal tem apresentado aumento global em pessoas com menos de 50 anos. Embora as causas não sejam totalmente esclarecidas, especialistas apontam fatores como obesidade, sedentarismo e consumo frequente de alimentos ultraprocessados.
O estudo acompanhou os participantes por três anos. Testes genéticos indicaram que 37% apresentavam mutações associadas ao câncer colorretal. Durante o período, o grupo que recebeu aspirina apresentou redução significativa no risco de recorrência em comparação com o grupo placebo.
“Prevenir casos de câncer salva vidas, e novas estratégias são fundamentais. Há evidências crescentes de que a aspirina em baixa dose pode proteger contra o câncer de intestino em determinados grupos”, explicou Catherine Elliott, pesquisadora envolvida no estudo. Ela acrescenta que pesquisas futuras poderão avaliar se a estratégia é eficaz em outros tipos de câncer.
No Brasil, médicos reforçam a importância do diagnóstico precoce. A oncologista Marcela Crosara alerta que, sem tratamento, o câncer colorretal pode causar obstrução intestinal e levar à morte rapidamente, destacando a colonoscopia como exame preventivo. Já o oncologista Nilson Correia lembra que os sintomas iniciais são inespecíficos e muitas vezes aparecem apenas em estágios avançados.
Entre os sinais que merecem atenção estão diarreia ou prisão de ventre persistentes, sangue nas fezes, cólicas, dor ao evacuar, sensação de evacuação incompleta, perda de apetite, fadiga, alterações no formato das fezes e vômitos. A presença de um ou mais desses sintomas não confirma a doença, mas indica a necessidade de procurar atendimento médico especializado, como gastroenterologista, cirurgião geral ou oncologista.