O calor extremo pode não apenas causar desconforto e exaustão, mas também acelerar o envelhecimento em nível molecular, segundo um estudo publicado na revista Science Advances. A pesquisa analisou dados de mais de 3.600 adultos idosos nos Estados Unidos e descobriu que aqueles que vivem em regiões com temperaturas elevadas apresentaram envelhecimento epigenético mais rápido, com impacto semelhante ao do consumo excessivo de álcool e tabagismo.
A relação entre calor e envelhecimento biológico
Os cientistas usaram relógios epigenéticos, uma técnica que mede alterações químicas no DNA conhecidas como metilação, para avaliar a idade biológica dos participantes. Essa modificação no DNA é influenciada pelo ambiente e pode aumentar o risco de doenças relacionadas à idade.
A pesquisa mostrou que pessoas que moram em regiões com pelo menos 140 dias de calor extremo por ano apresentaram até 14 meses de envelhecimento biológico adicional em comparação com aquelas que vivem em locais com menos de 10 dias quentes anuais. A ligação entre o calor e o envelhecimento permaneceu mesmo após a consideração de fatores como nível socioeconômico e hábitos de vida.
Impactos na saúde e desafios futuros
O envelhecimento acelerado pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, renais e neurodegenerativas, tornando o calor extremo um problema de saúde pública. Idosos são particularmente vulneráveis, pois a capacidade do corpo de regular a temperatura diminui com a idade. Medicamentos como betabloqueadores e diuréticos podem agravar essa vulnerabilidade, tornando mesmo temperaturas moderadas, acima de 26°C, um risco para essa população.
O estudo reforça a necessidade de políticas públicas para proteger as populações mais vulneráveis, já que as mudanças climáticas devem intensificar as ondas de calor. Soluções como acesso a ambientes climatizados e estratégias de resfriamento urbano podem ajudar a mitigar esses impactos.