Uma pesquisa publicada no British Medical Journal, pela Universidade de Sidney, na Austrália, revelou que a solidão aumentou o risco de morte independentemente da saúde física e mental de mulheres da meia-idade. Os dados mostram que quanto mais persistente o isolamento, maior o perigo.
Atualmente, a solidão é reconhecida como um problema de saúde pública e está associada a problemas cardiovasculares, depressão e demência, entre outros desfechos negativos. No entanto, segundo os autores, até agora os estudos não haviam examinado o impacto no risco de morte conforme a quantidade de anos em que a pessoa se sente só.
Dados do Australian Longitudinal Study of Women’s Health, um estudo populacional que começou em 1996 e acompanha mais de 57 mil mulheres, serviram de base para a pesquisa. As selecionadas estavam na faixa dos 48 aos 55 anos, que não tinham doenças crônicas no início. Depois, foram aplicados questionários sobre saúde e bem-estar a cada três anos ao longo de um período de 18 anos.
Ao fim do acompanhamento, aquelas que reportaram solidão crônica, persistente, tinham três vezes maior risco de morrer. O estudo também apontou uma relação dose- dependente. Quanto maior a frequência com que se sentiam sós, maior o risco de morte precoce. Embora curtos períodos de isolamento já afetem a saúde, o artigo sugere que esse impacto pode ser cumulativo ao longo do tempo.
ENTENDA
Para os autores, a solidão está associada a altos níveis de estresse e alterações no sistema imune, que podem levar a problemas cardiovasculares e até certos tipos de câncer. Além disso, pessoas sozinhas acabam adotando comportamentos não saudáveis:
1) Consumo excessivo de álcool
2) Tabagismo
3) alimentação desbalanceada
4) Sedentarismo, todos fatores de risco para morte prematura
5) Más hábitos de sono
6) Isolamento social
Diversos estudos já associam a solidão com mortalidade. Ao ficar viúvo, por exemplo, os homens apresentam maior nível de mortalidade. Os profissionais defendem que o convívio com outras pessoas traz uma motivação para estar melhor, e a solidão deve ser reconhecida como um determinante social significativo na saúde. Além disso, eles também destacam que é preciso desenvolver intervenções para melhorar o bem-estar das pessoas e reduzir doenças evitáveis e mortes precoces.