A laparostomia é um procedimento cirúrgico em que a cavidade abdominal é totalmente aberta, permitindo ao cirurgião observar e intervir diretamente nos órgãos internos. Ela é indicada quando exames de imagem não fornecem informações suficientes para um diagnóstico conclusivo.
Hoje, essa técnica tem sido progressivamente substituída pela vídeo-laparoscopia — um método menos invasivo que utiliza pequenas incisões e um laparoscópio, aparelho com câmera que transmite imagens do interior do corpo em tempo real.
CIRURGIA EXPLORATÓRIA PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Chamada de “exploratória”, a laparostomia tem como principal objetivo investigar o que está acontecendo dentro do abdômen do paciente quando ainda não há certeza do diagnóstico.
No caso de Jair Bolsonaro, o procedimento foi usado para identificar a localização exata de uma obstrução intestinal que causava distensão abdominal. Após a identificação do problema, a equipe médica pôde seguir com o tratamento necessário ainda durante a mesma cirurgia.
QUANDO A LAPAROSTOMIA É INDICADA?
De acordo com o site médico norte-americano Medscape, as principais indicações para a laparotomia exploratória incluem:
- Dor abdominal aguda com sinais clínicos de urgência cirúrgica;
- Trauma abdominal com hemorragia interna e instabilidade hemodinâmica;
- Dor abdominal crônica sem diagnóstico definido;
- Estadiamento de câncer de ovário e da doença de Hodgkin;
- Sangramento gastrointestinal de origem desconhecida;
- Doenças raras ou de difícil diagnóstico.
MOTIVOS PARA A ESCOLHA DO PROCEDIMENTO
Especialistas explicam que, em casos complexos como o de Bolsonaro, a laparostomia oferece vantagens em relação à vídeo-laparoscopia. O acesso direto e amplo aos órgãos facilita o trabalho do cirurgião e pode reduzir o tempo cirúrgico.
Além disso, quando o paciente apresenta múltiplas aderências abdominais — como costuma ocorrer após cirurgias anteriores — a introdução dos instrumentos da vídeo-laparoscopia pode representar riscos, como perfuração acidental de alças intestinais.
ETAPAS DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
De acordo com artigo publicado no simpósio Fundamentos em Clínica Cirúrgica, a laparostomia normalmente segue cinco etapas:
- Laparotomia – Abertura cirúrgica da cavidade abdominal;
- Exploração da cavidade – Avaliação da extensão da patologia e busca por outras alterações não diagnosticadas previamente;
- Cirurgia terapêutica – Correção do problema encontrado;
- Inventário da cavidade – Revisão completa para garantir que o procedimento foi concluído adequadamente e que nenhum corpo estranho foi deixado;
- Fechamento da cavidade abdominal.
RECUPERAÇÃO E CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
O tempo de recuperação após uma laparostomia é mais longo em comparação com a vídeo-laparoscopia. A cicatrização da incisão pode levar cerca de seis semanas.
A cicatriz tende a se tornar menos visível com o tempo, mas o retorno às atividades físicas pode demorar meses. Já a força abdominal pode levar até dois anos para se restabelecer completamente.
RISCOS ASSOCIADOS AO PROCEDIMENTO
Assim como qualquer intervenção cirúrgica, a laparostomia envolve riscos. Entre os principais, estão:
- Lesões acidentais em órgãos vizinhos;
- Sangramentos significativos;
- Infecções no local da cirurgia e cicatrização lenta;
- Dormência permanente devido a danos em nervos locais;
- Hérnias na área da incisão;
- Formação de tecido cicatricial interno (aderências);
- Obstrução intestinal causada por essas aderências.