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Omeprazol: por que o remédio está sendo cortado das receitas e como ele pode ser substituído

Uso prolongado do medicamento pode causar deficiência de nutrientes e outros efeitos adversos

Recipiente de Omeprazol | Foto: Shutterstock_Photo Nature Travel
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Por décadas, o omeprazol foi visto como um protetor gástrico inofensivo, tomado por muitos diariamente antes do café da manhã. No entanto, o entendimento médico mudou. Assim como outros fármacos do mesmo grupo, o medicamento altera a acidez do estômago e interfere no funcionamento do organismo.

“A tendência atual é evitar o uso desnecessário”, afirma Débora Poli, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês.

O que é e por que pode ser problemático

Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) — como omeprazol, pantoprazol, esomeprazol e lansoprazol — reduzem a produção de ácido no estômago e foram um marco no tratamento de úlceras e refluxo. No entanto, seu uso excessivo passou a preocupar médicos.

“Os IBPs revolucionaram o manejo de doenças gástricas, mas seu uso se banalizou”, alerta Raphael Brandão, oncologista clínico e diretor da Clínica First.

De acordo com a gastroenterologista Karoline Soares Garcia, o uso prolongado do omeprazol pode diminuir a absorção de ferro, magnésio, cálcio e vitamina B12, provocando anemia, fadiga, cãibras e osteopenia.

O medicamento também aumenta o risco de infecções intestinais por Clostridioides difficile, favorece o supercrescimento bacteriano (SIBO) e pode estar associado a doenças renais crônicas e fraturas, segundo estudos observacionais.

Imagem: Reprodução

Quando o uso é realmente indicado

Apesar das restrições, especialistas destacam que o omeprazol continua essencial em diversos tratamentos.

“Ele tem papel importante no tratamento de refluxo, gastrite, úlceras e infecção por Helicobacter pylori. Ainda é uma medicação de baixo custo e grande utilidade”, afirma Débora Poli, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês.

Alguns pacientes precisam do uso contínuo, especialmente aqueles com esôfago de Barrett, esofagite eosinofílica ou que necessitam de gastroproteção durante o uso prolongado de anti-inflamatórios.

Quem pode trocar por novas opções

Embora essencial em alguns casos, o omeprazol nem sempre é necessário. Médicos alertam que pacientes com sintomas leves ou refluxo intermitente podem adotar tratamentos mais brandos.

“Em quadros leves, é possível reduzir a dose, usar sob demanda ou trocar por bloqueadores H2, como a famotidina”, explica Raphael Brandão, oncologista clínico.

Os bloqueadores H2 atuam nos receptores de histamina e, embora menos potentes, causam menos efeitos adversos a longo prazo. Outra opção são os P-CABs, como a vonoprazana, de ação rápida e duradoura, indicada para quem não responde bem aos IBPs — ainda cara e pouco disponível no Brasil.

A decisão de ajustar ou suspender o tratamento deve ser feita sempre com orientação médica.

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