O psiquiatra, psicanalista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mário Eduardo Costa Pereira, conta que os surtos coletivos são reações em cadeia a determinados gatilhos, como ameaças, medos e pressões sociais. No caso das escolas do Recife, por exemplo, o estopim para a agitação em uma das unidades de ensino foi a prisão de um homem no local.
“A questão é como as pessoas respondem a algum gatilho. Imagine que entra um ladrão na escola, mas o professor e o aluno mais velho da classe ficam serenos. Nesse caso, a classe inteira tende a ficar tranquila. Mas se um bandido entra e há desespero total do professor e do aluno mais velho, a tendência é que todo mundo fique nervoso e exista contágio dos sintomas”, explicou.
Os conceitos-chave para entender o fenômeno, segundo o dr. Pereira, são a identificação, processo por meio do qual uma pessoa assimila aspectos de outra; o contágio, a tendência de um indivíduo ser ‘contaminado’ pelas emoções do outro; e a idealização, que é a “supervalorização do outro” associado a um “esgotamento recíproco de si mesmo”, conforme escreveu o pai da psicanálise, Sigmund Freud, em 1914.