A policial militar Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, morta após ser baleada pelo companheiro, o soldado Joaquim Filho, havia relatado a uma amiga que já havia sofrido agressões anteriores do agente. Em áudios enviados antes do crime, Larissa contou que chegou a temer pela própria vida quando foi atacada durante uma discussão, mesmo estando separada de Joaquim e apenas ensaiando uma reconciliação. Ela relatou que o militar reagiu de forma violenta ao descobrir que ela havia se envolvido com outra pessoa enquanto ele também vivia outro relacionamento.
Em uma das mensagens, Larissa narrou com detalhes as agressões que sofreu. “Na hora que ele descobriu, ele deu um tapa na minha cara. Eu pensei: ‘é agora que eu vou morrer’. Eu sabia que ele era descontrolado”, contou. Em outra ocasião, a policial afirmou ter recebido várias coronhadas na cabeça e no rosto, que resultaram em cortes e inchaço persistente. Mesmo machucada, ela não denunciou o ex-companheiro, mas registrou fotos e guardou áudios como prova.
Larissa também relatou o episódio que desencadeou uma das agressões. Segundo ela, durante um passeio para comprar cerveja, Joaquim se irritou após uma motociclista fazer um gesto ofensivo em sua direção. Temendo uma reação explosiva, Larissa escondeu a arma dele para evitar que a situação fugisse do controle. O soldado, no entanto, obrigou a policial a fazer um Pix de R$ 1.000 para compensar um suposto prejuízo e, ao ser chamado de “descontrolado”, passou a agredi-la novamente, com golpes de coronhada que fizeram seu sangue escorrer.
O desfecho trágico ocorreu nesta quarta-feira (3), durante uma nova discussão no município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. Joaquim afirmou à polícia que ambos trocaram tiros, resultando em ferimentos nos dois. Larissa foi atingida no abdômen e no tórax e morreu após ser socorrida à UPA do Eusébio. Já o soldado levou um tiro na perna e segue internado sob escolta no Hospital Instituto Doutor José Frota, em Fortaleza. As armas usadas na ocorrência pertencem à corporação e foram apreendidas. A Polícia Militar ainda não confirmou se o caso será investigado como feminicídio.
Larissa ingressou na Polícia Militar do Ceará em junho de 2022 e era considerada uma profissional exemplar no 15º Batalhão, onde trabalhava. Ela deixa três filhos pequenos, de um relacionamento anterior.
Em nota, a PM lamentou profundamente a morte da agente. “Mãe de três filhos, sonhadora, dedicada, assídua e camarada. Excelente profissional que tínhamos aqui. Que Deus possa recebê-la da melhor forma”, declarou o subcomandante da unidade, capitão Felipe Amorim.