9 coisas que a ciência não sabia e descobriu durante a pandemia - 1. As máscaras têm poder

Chegou a hora de conhecer melhor como essas mudanças aconteceram — e entender como elas nos trazem mais segurança e certeza de que, um dia, essa crise sanitária vai passar. - 1. As máscaras têm poder

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1. As máscaras têm poder

Durante boa parte do primeiro semestre de 2020, autoridades e instituições públicas como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos foram unânimes em afirmar que as máscaras só deveriam ser usadas por médicos, enfermeiros e profissionais da linha de frente ou indivíduos com suspeita e diagnóstico de covid-19.

A recomendação estava baseada em dois argumentos principais. Primeiro, havia um medo de que a peça colada ao rosto incomodaria, fazendo com que as pessoas levassem as mãos aos olhos, nariz e boca com mais frequência. Isso, em tese, aumentaria o risco de infecção, pois os dedos poderiam estar contaminados com o coronavírus.

O segundo motivo estava vinculado a uma eventual escassez de material de proteção a quem mais precisava, como os pacientes e os profissionais da saúde: temia-se que uma busca desenfreada pela compra de máscaras acabaria com os estoques disponíveis.

Mas a verdade é que nenhum desses dois pontos era 100% verdadeiro.

"Mesmo naquela época, não existia nenhuma evidência para sustentar a ideia de que as pessoas que usam máscaras mexem mais na própria face", diz o físico Vitor Mori, pesquisador da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos.

"E o Brasil tem uma indústria bem preparada e possivelmente não teríamos falta de máscaras profissionais, como a PFF2 (que é a que mais filtra partículas e melhor veda o rosto contra o vírus), mesmo se fosse recomendado seu uso para a população geral desde o começo", completa o especialista, que também integra o Observatório Covid-19 BR.

Outro fenômeno relativo a esse método preventivo está relacionado à evolução da qualidade do material: no início, o indicado era botar a máscara caseira de pano com duas ou três camadas de tecidos diferentes.

Com o passar dos meses, porém, as máscaras cirúrgicas e os modelos profissionais (como a PFF2 ou a N95) ganharam terreno e se tornaram mais populares.

E isso está diretamente vinculado à evolução do conhecimento sobre as formas de disseminação do coronavírus.

"A compreensão ampla dos mecanismos de transmissão de vírus respiratórios foi, sem dúvida, uma das maiores revoluções científicas que vivemos nos últimos tempos", compreende Mori.

No início, pensava-se que o agente infeccioso passava de uma pessoa para outra somente através de gotículas de saliva, que são expelidas quando a gente fala, tosse ou espirra.

Como essas tais gotículas têm um tamanho maior, elas são mais pesadas e logo caem em direção ao solo pela força da gravidade.

Seguindo esse raciocínio, acreditava-se que a transmissão dependia da proximidade: um indivíduo infectado expele as partículas de saliva com o vírus dentro, que são ejetadas a uma distância de até dois metros e vão parar no rosto de outras pessoas, onde iniciam um novo ciclo da doença.

Nessa situação, as máscaras de tecido até que são uma boa. Elas conseguem barrar a saída ou a entrada dessas gotículas de saliva maiores.

Com o passar do tempo, porém, os cientistas foram observando que a covid-19 tem uma segunda forma de transmissão: os aerossóis. Eles também são partículas de saliva, mas de tamanho muito reduzido. Como são menos pesadas, elas ficam vagando pelo ambiente por muito mais tempo, numa dinâmica parecida ao que acontece, por exemplo, com a fumaça do cigarro.

Daí uma pessoa desavisada pode aspirar esse material e botar o coronavírus pra dentro do sistema respiratório se não estiver com uma proteção adequada, capaz de filtrar essas estruturas diminutas.

"Um indivíduo infectado com o coronavírus pode entrar num elevador, espirrar e sair. E os aerossóis ficam pairando por algum tempo naquele ambiente", explica o infectologista Celso Granato, diretor do Fleury Medicina e Saúde.

"Daí você pode entrar nesse mesmo elevador vazio em outro andar e acabar se contaminando", conclui o médico, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

É justamente para evitar que cenários como esse virem realidade que existem as máscaras PFF2 ou N95: elas vedam todas as possíveis entradas da face, especialmente a maçã do rosto, as bochechas e o queixo, bloqueando e filtrando os aerossóis carregados de vírus.



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