Pesquisa com lhamas pode produzir soro contra a coronavírus

As lhamas têm capacidade de produzir anticorpos passíveis de serem aplicados no ser humano

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Na corrida para encontrar uma vacina ou, ao menos, uma medicação eficiente contra o novo coronavírus participam ratos com genomas humanos, macacos, cavalos e até lhamas. Há décadas os equinos são utilizados para produção de soros para o tratamento de várias doenças virais e infecções por toxinas ou venenos. Recentemente, descobriu-se que também as lhamas têm capacidade de produzir anticorpos passíveis de serem aplicados no ser humano. Em breve, três destes animais partirão de uma fazenda em Esmeralda, em Minas Gerais, para integrar uma força-tarefa de combate à Covid-19 em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro, da qual já fazem parte cinco cavalos. “Se tudo correr bem, a previsão é que sejamos capazes de produzir até 300.000 ampolas de soro contra o Sars-CoV-2 em seis meses”, explica o presidente do Instituto Vital Brazil, Adílson Stolet. 

Apesar da eficácia comprovada dos soros produzidos com o plasma de equinos, a pesquisa com lhamas é ainda mais promissora. Ocorre que os anticorpos produzidos por estes animais é até 15 vezes menor do que o produzido pelos cavalos e, portanto, têm maior facilidade para “alcançar” o vírus dentro do corpo humano. “No caso dos cavalos, é como se tivéssemos um elefante correndo atrás de um ratinho. Precisamos reduzi-lo para causar menos reações alérgicas. Já os anticorpos das lhamas atacam o vírus dentro da célula. Por conta disso, é possível que, no futuro, até os soros antiofídicos [contra veneno de cobra] sejam produzidos desta maneira”, completa Stolet.

Na última quarta-feira, os cinco cavalos da fazenda do IVB receberam as primeiras infusões da proteína S – a “parte nociva” do novo coronavírus, isolada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O tempo para a produção do plasma leva cerca de dois meses. Em seguida, vem a fase dos testes em animais, a ser realizada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), e, por fim, os testes clínicos, em conjunto com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

 A boa notícia é que, caso a eficácia do tratamento seja comprovada, o Brasil tem capacidade para produzir a medicação em larga escala: Stolet prevê que, se todos os laboratórios produtores de soro integrarem a força-tarefa, pode-se chegar à quantia de um milhão de ampolas por ano. “É um produto muito mais barato e mais fácil de ser produzido do que a vacina. Conseguiríamos tratar todos os casos graves e até os intermediários”, explica Stolet. Ressalte-se, contudo, que a existência do soro não garante o pleno retorno à normalidade, uma vez que a medicação não impede o contágio pela Covid-19. Ainda assim, o desenvolvimento em território nacional de um tratamento barato e, principalmente, chancelado pela ciência, contra o novo coronavírus é um sopro de esperança em meio à crise.

AFP



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