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Brasil lidera ranking de desigualdade, mesmo com número expressivo de milionários

País é o mais desigual do mundo, com concentração extrema de renda no topo, apesar de figurar entre os 20 países com mais milionários em dólar

Brasil lidera ranking de desigualdade, mesmo com número expressivo de milionários | Foto: Getty Images
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O Brasil aparece na 19ª posição do ranking global de milionários em dólar, segundo relatório anual do banco suíço UBS. São 433 mil brasileiros com fortuna superior a US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões), o maior número da América Latina. Mesmo assim, o país lidera o ranking mundial de desigualdade na distribuição de renda, empatado com a Rússia.

O estudo também aponta uma projeção preocupante: nas próximas duas décadas, mais de US$ 74 trilhões serão transferidos como herança entre gerações ao redor do mundo. Desse total, o Brasil figura como o segundo país com o maior volume de fortunas a serem herdadas, cerca de US$ 9 trilhões, atrás apenas dos Estados Unidos.

Maior desigualdade entre 56 países

Apesar do número expressivo de milionários, o Brasil tem a maior concentração de renda entre os 56 países analisados. O índice de Gini, que mede a desigualdade (quanto mais próximo de 1, maior a concentração), coloca o país na primeira posição do ranking, com 0,82,  empatado com a Rússia.

Outras potências econômicas, como os EUA (0,74), Índia (0,74) e China (0,62), apresentam índices significativamente menores. Até países com tradição de bem-estar social, como Suécia (0,75) e Alemanha (0,68), aparecem em situação melhor.

Heranças bilionárias

O relatório do UBS também destaca que a concentração de riqueza tende a se manter e até a se acentuar, nas próximas décadas. A estimativa é que os brasileiros transfiram cerca de US$ 9 trilhões em heranças até 2050, volume que supera a previsão para a China (US$ 5,6 trilhões), terceira colocada.

Essa transferência massiva de patrimônio reforça a tendência de perpetuação da desigualdade, já que parte significativa da riqueza está nas mãos de poucas famílias, especialmente no topo da pirâmide etária.

Ricos mais ricos, pobres mais pobres

A presença de um grande número de milionários não se traduz em melhora nos indicadores sociais para a maioria da população brasileira. Enquanto 433 mil pessoas acumulam fortunas milionárias, milhões enfrentam dificuldades com acesso a educação, saúde e renda básica.

A combinação entre alta concentração de riqueza, desigualdade histórica e ausência de políticas de redistribuição evidencia o desafio estrutural do Brasil: crescer de forma mais justa.

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