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Como montanha submersa gerou maior onda já surfada no Brasil, de 14,8 metros

Laje da Jagua, em Jaguaruna, produziu onda de 14,82 metros que garantiu recorde nacional a Lucas Chumbo

Lucas Chumbo surfou na Laje da Jagua, conhecida como Nazaré brasileira, em 30 de julho | Foto: Gabriel Gomes
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A Laje da Jagua, formação rochosa submersa a 5,3 km da costa de Jaguaruna, em Santa Catarina, foi palco da maior onda já registrada no Brasil: 14,82 metros, surfada pelo ex-BBB Lucas Chumbo em 30 de julho, segundo a Big Waves Brasil (BWB). O feito consolidou Jaguaruna como destino para surfistas em busca de ondas gigantes e impulsiona o município a buscar o título de “Capital Nacional da Maior Onda do Brasil”, projeto que tramita na Câmara dos Deputados.

Acesso e desafios

Para atingir a Laje, surfistas especializados, conhecidos como “big riders”, enfrentam cerca de 5 km de mar aberto a partir da Praia da Jagua, atravessando arrebentações fortes. O fenômeno responsável pelas ondas gigantes é o empinamento, ou “shoaling”, quando uma onda formada em águas profundas se aproxima de áreas rasas, aumentando de tamanho rapidamente, semelhante ao que ocorre em Nazaré, Portugal, e Teahupoo, no Tahiti.

“O mar já estava gigantesco quando chegamos. Muito vento, e só me lembrava Nazaré, uma mini Nazaré no Brasil”, disse Lucas Chumbo, hexacampeão do Desafio Gigantes de Nazaré. 

A superonda foi impulsionada por um ciclone extratropical que aumentou ainda mais a altura e a agitação do mar naquele dia.

Expedição e segurança

A travessia é coordenada por Thiago Jacaré, idealizador da Big Waves Brasil. Segundo ele, a saída ocorre quando há baixa no vento e céu limpo, evitando dias de chuva e nebulosidade. 

“O lugar é longe e pode ser difícil achar o caminho de volta se as condições forem ruins”, explica Jacaré. 

O surfista Marco Polo também aproveitou as condições extremas para surfar naquele dia.

História da Laje

Descoberta em 2003 pelos surfistas Zeca Scheffer e Rodrigo Resende, a Laje da Jagua rapidamente se tornou referência no surfe de ondas grandes no Brasil e já sediou competições. Além disso, a região tem histórico de naufrágios: cerca de 72 embarcações afundaram na área do Cabo de Santa Marta entre os séculos XIX e XX, em parte devido à “lestada”, vento forte de leste, e falhas mecânicas.

Em julho de 1839, um navio com 30 pessoas virou próximo à Laje, possivelmente devido a uma grande onda. Apenas alguns tripulantes conseguiram nadar até a praia de Campo Bom. A construção do Farol de Santa Marta no início do século XX ajudou a alertar navegadores sobre os perigos da Laje, com uma faixa vermelha no refletor indicando a direção correta.

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