Steve Jobs (1955-2011) é lembrado como o visionário por trás da Apple, mas também foi peça-chave na história do cinema de animação. Em 1986, ele comprou a divisão de computadores da Lucasfilm, dando origem à Pixar. O investimento resultou em uma sequência de sucessos, começando com Toy Story (1995), o primeiro longa-metragem totalmente animado por computador.
Nos anos seguintes vieram Vida de Inseto (1998), Toy Story 2 (1999), Monstros S.A. (2001), Procurando Nemo (2003), Os Incríveis (2004) e Carros (2006), o último filme produzido de forma independente pelo estúdio.
Disney em crise criativa
Enquanto a Pixar colecionava bilheterias milionárias e Oscars, a Disney enfrentava uma fase difícil. Suas maiores produções recentes eram justamente frutos da parceria com a Pixar, mas divergências contratuais ameaçavam o futuro dessa colaboração.
Foi então que Bob Iger, recém-nomeado CEO da Disney, concluiu que a solução mais ousada seria comprar o estúdio rival-parceiro. Em entrevista à Bloomberg, ele relembrou o momento decisivo:
"Eu pensei que a maneira mais rápida de salvar a Disney, apesar de ser a opção mais arriscada e cara, era comprar a Pixar. Quando essa ideia me ocorreu, liguei imediatamente para Steve Jobs", contou.
“Uma ideia doida”
Iger sabia como captar a atenção do criador da Apple:
“Eu disse: ‘Tenho uma ideia doida, posso te encontrar para falarmos sobre?’. Todos sabiam que se você falasse isso para o Steve, ele queria ouvir na hora”, revelou.
Jobs topou a reunião na sede da Apple e, após ouvir os prós e contras da proposta, resumiu:
Alguns prós consistentes são mais poderosos do que dezenas de contras.
O acordo foi fechado em 2006 por 7,6 bilhões de libras (cerca de R$ 55,8 bilhões em valores atuais).
O legado do acordo
Jobs não perdeu totalmente o controle: garantiu participação nas decisões e assumiu uma cadeira no conselho da Disney, tornando-se seu maior acionista. Com a venda, ele ainda conseguiu direcionar seu foco para a Apple, que, pouco depois, lançaria o iPhone e revolucionaria a tecnologia mundial.
Com sua morte em 2011, Laurene Powell Jobs herdou 138 milhões de ações da Disney. Anos depois, em 2017, a Powell Jobs Trust reduziu a participação para cerca de 4%.
O negócio não apenas salvou a Disney, como consolidou a Pixar como referência mundial em animação. E mostrou, mais uma vez, a habilidade de Steve Jobs em enxergar oportunidades que pareciam “malucas”, mas acabaram mudando a história.