A comandante Karina Buchalla Lutkus, de 46 anos, fez história ao se tornar a primeira mulher brasileira a pilotar o Airbus A380 como comandante. O feito foi confirmado pela Associação das Mulheres Aviadoras do Brasil (Amab), que celebrou a conquista como um marco na aviação nacional. O voo de cheque — exame prático que comprova a proficiência de um piloto — foi realizado no dia 27 de outubro, consolidando sua nova função na Emirates Airlines.
O Airbus A380 é reconhecido como o maior avião comercial de passageiros do mundo. Com 72 metros de comprimento e 79 metros de envergadura, a aeronave possui dois andares e estrutura luxuosa, incluindo bar, spa e chuveiros. O modelo comporta mais de 600 passageiros e tem uma cabine de 478 metros quadrados, 40% maior que a do Boeing 747, o segundo maior avião do tipo.
Karina iniciou sua trajetória na aviação pela TAM (atual LATAM), onde trabalhou por quase 15 anos. Lá, atuou como copiloto dos modelos Fokker 100, Airbus A320 e A330, até alcançar o posto de comandante do A320. Em entrevista concedida ao jornal O Globo em 2010, ela destacou a reação dos passageiros ao vê-la no comando da aeronave: “As mulheres se dizem orgulhosas, e os homens me parabenizam — alguns até confessam que começaram o voo com medo, mas terminaram admirados”.
Em 2019, a piloto ingressou na Emirates, nos Emirados Árabes Unidos, como primeiro-oficial do A380. Com a pandemia da Covid-19, a carreira internacional foi temporariamente interrompida, levando Karina de volta ao Brasil, onde passou a integrar a Azul Linhas Aéreas como instrutora de voo dos jatos Embraer 190/195. Alguns anos depois, ela retornou à Emirates, onde hoje atua como comandante. A Amab celebrou sua conquista em nota:
“A aviação brasileira ganha mais um capítulo de inspiração. Parabéns, Karina! Você mostrou que não existem limites para quem acredita, se dedica e tem paixão por voar.”
Embora Karina seja a primeira comandante brasileira do A380, o pioneirismo no comando da aeronave entre as brasileiras começou com Aline Borguetti, em 2021. Aline iniciou a carreira como comissária da Gol em 2007, tornou-se copiloto na Azul e, posteriormente, passou a voar pela Emirates.
A trajetória das mulheres na aviação brasileira tem outros nomes históricos. Carla Roemmler foi a primeira mulher a comandar um avião de grande porte no país, um Boeing 737-200 da VASP, em 1996. Já Arlete Ziolkowski, também da VASP, foi a primeira piloto da aviação comercial brasileira, em 1986.
Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em 2024, as mulheres ainda representam apenas 3,2% dos pilotos e mecânicas de manutenção aeronáutica no Brasil — um número que reforça a importância de conquistas como a de Karina Buchalla para inspirar novas gerações.