Medico doa carro em rifa para ajudar colegas com salários atrasados

José Carlos Barbosa Zaccaro, médico gaúcho de 50 anos, passou por um momento bem intenso em um supermercado em Uruguaiana (RS). Ele foi cercado e surpreendido por mais de 400 pessoas assim que adentrou no estabelecimento; assim que chegou, recebeu uma salva de palmas de todos os presentes. “Era como se eu fosse o prefeito eleito, fiquei até constrangido”, disse.

Zaccaro se surpreendeu naquele momento, mas sabia o motivo de tamanha recepção calorosa. Ele é médico e atende dezenas de pacientes na Santa Casa de Uruguaiana, uma instituição que vem sofrendo uma grave crise financeira devido à falta de repasses e investimentos do governo gaúcho.

Ciente da situação dos funcionários do hospital e comovido com as dificuldades enfrentadas por eles, – que estão há três meses sem receber salários, – José decidiu doar o próprio carro, uma Volkswagen Touareg para a realização de uma rifa beneficente.

“Eu sei que não vai resolver, mas vai amenizar a situação deles”, afirmou.

Após o ato de boa fé, José vem recebendo constantes manifestações de agradecimento e carinho dos cidadãos da cidade, desde os lugares que vai, como o supermercado nesta ocasião, ao mundo virtual, nas redes sociais.

A ampla repercussão da iniciativa do médico instigou milhares de pessoas dos mais distantes lugares do país a comprar uma rifa também. Pessoas do Rio de Janeiro à Manaus tem demonstrado interesse em adquirir uma rifa.

Tamanha solidariedade não se resume apenas à compra das rifas. A Touareg é o único carro de José e, quando entregá-lo, terá que arranjar outra maneira de se deslocar. No que depender da comunidade, com certeza não será algo difícil.

Um total de 1000 bilhetes serão vendidos, cada qual ao custo de R$ 100. O grande interesse empolga o médico: “Acreditamos que vamos arrancar vendendo 600 números logo de cara”, disse.

O grande sorteio da Touareg ocorrerá no dia 29 de dezembro, sábado, pela Loteria Federal. A depender do ganhador, a iniciativa poderá ser repetida. “Teve gente que disse que vai comprar e, se ganhar, vai me devolver pra fazer uma nova rifa”, conta o médico, que vai começar 2019 a pé, mas com a sensação única de quem fez o bem.