Mulheres piauienses: vida cheia de obstáculos, mas ao mesmo tempo repleta de realizações

Uma delas é defender o direito do próximo acima de todas as coisas.

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Servidora pública. Ativista. Dona de casa. Mãe. Uma mulher de mil tarefas e vários afazeres. Esta é Marinalva Santana, que no alto de seus 41 anos desempenha diariamente uma gama de tarefas.

Uma senhora multifacetada que, assim como todas as mulheres, divide-se em tantas para dar conta das mais variadas atividades que são exigidas das mulheres. Uma delas é defender o direito do próximo acima de todas as coisas.

Caminhar por fora dos padrões vigentes e dançar conforme sua própria música fazem parte do cotidiano desta mulher inspiradora. Marinalva vestiu a camisa e batalha pela igualdade entre homens e mulheres, batalha pela igualdade de direitos entre heterossexuais e homossexuais e batalharia por quantas causas fossem necessárias para garantir direitos iguais para seres humanos, não importa de qual minoria eles sejam.

Lésbica assumida, a luta de Marinalva vai bem além do que o senso comum pode imaginar. Por falta de informação e até vergonha, ela relata que sofreu muito antes de ‘sair do armário’, expressão coloquial utilizada quando uma pessoa tem dificuldade em assumir sua identidade homoafetiva.

“Sofri muito para me assumir. Por falta de informação, eu tinha sentimento de culpa e vergonha. Minha luta é para que as novas gerações não passem por isso e tenham seus direitos garantidos”, conta. Mas esta é outra história. Hoje em dia ela quer saber de unir forças para garantir a equidade de direitos.

Movida pelo desejo de assegurar os direitos dos oprimidos pela sociedade, Marinalva hoje é considerada uma das mulheres mais importantes do Estado quando o assunto é a luta pelos direitos humanos de homossexuais, lésbicas, bissexuais e travestis piauienses.

Não à toa ela foi escolhida como finalista do Prêmio Mulher Cláudia no ano de 2012. Um reconhecimento nacional por um trabalho feito sem pedir absolutamente nada em troca. E, no Dia Internacional da Mulher, a mensagem é que todas deem as mãos e lutem por reconhecimento e igualdade.

“Somos protagonistas na tarefa de ocupar espaços e garantir nossos direitos enquanto mulheres. A ampliação de nosso reconhecimento não diminui os direitos dos homens e é nosso dever lutar pela igualde. Hoje e sempre”, profetiza.

Em busca de possibilidades de inclusão na sociedade e no mercado de trabalho, a pedagoga e deficiente visual Jane Kelly, de 31 anos, é um exemplo que foge às regras da sociedade comum.

Professora da rede pública de ensino e vítima de muito preconceito e intolerância ao longo da vida, as experiências e desafios enfrentados serviram de combustível para lutar por igualdade.

“Sempre me interessei pela questão de gênero e, por também ser uma mulher cega, busquei galgar espaços iguais para todas as mulheres, não importa sua classe social, cor ou dificuldade que passa no dia a dia”, conta Jane.

Jane Kelly é uma deficiente visual que enxerga sua condição com um mero detalhe. O fato de não conseguir ver nunca foi empecilho para vencer na vida, pois, aos 31 anos de idade, é formada em Pedagogia, professora da rede pública de ensino e está se especializando em docência.

Vítima da falta de informação e do preconceito da sociedade, para ela ainda é difícil conquistar a igualdade no tratamento das pessoas com deficiência. Mas isso não irá impedi-la de seguir em frente.

Jane conta que, antes de assumir o cargo de servidora da rede municipal de ensino, sofreu muito preconceito em entrevistas de trabalho. “Quando chegamos procurando um emprego, as pessoas nem perguntam se temos capacidade para desempenhar a função, por menor que ela seja.

Já fui discriminada muitas vezes, tive portas fechadas antes mesmo de ter minhas capacidades analisadas pelos avaliadores. Mas isso só me fortalece a lutar por meus direitos e pelo de todas as mulheres. Penso que você também pode fazer o mesmo”, finaliza.

'O lugar de mulher é aonde ela quiser', diz vice-governadora

Outra figura ilustre na luta pela igualdade de direitos é nada menos que a primeira vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho. Natural de São Raimundo Nonato, Margarete é mulher, mãe, mestranda em Direito Público, uma política engajada nas mais diversas causas sociais e referência no país na área de Direito Eleitoral.

Dona de uma vontade de fazer mais e mais, ela teve uma atuação de destaque na Assembleia Legislativa do Piauí em defesa dos direitos da mulher, da representatividade do Estado na bancada federal e estadual, no combate às drogas e no respeito ao meio ambiente.

Uma escalada cheia de obstáculos, mas ao mesmo tempo repleta de realizações. "Sempre fui ativista, revindicadora. Gosto de estar em contato com as pessoas, enfrentei as batalhas que achei prudente enfrentar e entrei na política por uma junção de vários fatores. Esta trajetória permitiu conquistar uma visibilidade e me fez chegar aonde estou", completa.

Margarete conta que desde o início da campanha foi enfática em não se utilizar da condição de primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora e optou pelo caminho da transparência.

"Dizer isso parecia um projeto pessoal. Eu era uma mulher candidata que aconteceu de hoje ser uma mulher vice-governadora. O fato de ser a primeira é histórico no Piauí que me coloca na responsabilidade de fazer mais e bem feito", define.

Dona de uma simplicidade admirável, Margarete reconhece a dificuldade de pertencer a um gênero muitas vezes subestimado. "Mulher é assim, a gente tem que provar diariamente que a gente pode e que política também é coisa de mulher", fala.

Exemplo de empoderamento feminino, ela manda o recado. "Lugar de mulher é na política, sim, e aonde ela quiser estar. Mas, para estar na política, precisamos estar na base, nas associações de mães, nos conselhos de classe e principalmente nos partidos políticos.

Se nós, que temos bons propósitos, não entrarmos na política, continuaremos abrindo caminho para políticos que não têm o propósito de servir", pontua.



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