Ao longo dos séculos, a admiração por Leonardo da Vinci – gênio do Renascimento – só cresceu. Uma prova clara disso é o valor atingido por um de seus manuscritos mais célebres: o Codex Leicester, reconhecido como o livro mais caro do mundo. Neste artigo, você vai entender o que torna essa obra tão exclusiva e descobrir quem é seu atual proprietário.
Produzido entre 1508 e 1510, o Codex Leicester reúne textos e desenhos feitos por Da Vinci. A obra é composta por 18 folhas de papel, dobradas ao meio, totalizando 72 páginas com conteúdo escrito em ambos os lados. São 360 ilustrações e esboços desenhados à mão pelo próprio Leonardo, todos redigidos em italiano. Um detalhe que chama a atenção é o uso da famosa escrita em espelho, característica marcante do artista.
Entre os muitos temas abordados no manuscrito, destaca-se o estudo do movimento da água. Leonardo analisa o fluxo dos rios, os obstáculos naturais e propõe soluções para evitar a erosão e construir pontes com mais eficiência. O caderno também discute a origem dos fósseis marinhos encontrados nas montanhas, antecipando a teoria das placas tectônicas – sugerindo que aquelas regiões já foram fundos oceânicos que se elevaram com o tempo.
Um pouco de história
Após a morte de Da Vinci, o caderno passou pelas mãos do escultor milanês Della Porta e, posteriormente, pelo pintor Giuseppe Ghezzi. Este, por sua vez, vendeu a obra a Thomas Coke, Conde de Leicester, cujo nome acabou sendo incorporado ao título do manuscrito. A família do conde manteve o Codex por mais de 250 anos, até que, em 1980, ele foi arrematado pelo empresário americano Armand Hammer – daí surgir também o nome Codex Hammer. Em 1994, a obra voltou a ser leiloada, dessa vez pela Christie’s, e foi comprada por ninguém menos que Bill Gates, por impressionantes 30,8 milhões de dólares.
Não satisfeito em apenas possuir o manuscrito, Gates quis compartilhá-lo com o mundo. Algumas das páginas do Codex Leicester foram transformadas em protetores de tela para o Windows 95 e a obra tem sido exibida em diversos países. Uma das exposições mais aguardadas ocorreu em outubro de 2018, na Galeria Uffizi, em Florença, dentro de uma grande mostra dedicada a Leonardo da Vinci.
Apesar de seu alto valor, há quem conteste o título de “livro mais caro do mundo” ao Codex Leicester. Especialistas argumentam que ele seria, na verdade, um documento, e apontam o Bay Psalm Book, vendido por 10,5 milhões de euros, como o verdadeiro detentor do título. Ainda assim, não há dúvidas de que o Codex Leicester detém o recorde mundial de maior valor já pago por um manuscrito ou obra escrita.