O ator Gabriel Stauffer, que participou do remake de Pantanal, surpreendeu ao revelar que saiu da igreja após seu pai, o jornalista Sérgio Wesley, se assumir gay.
"Fiquei muito confuso. Como um Deus, pai de todos, poderia preparar um inferno para o meu pai? Como que eu vou acreditar num Deus que preparou um lugar para o meu pai e mais um monte de gente ser chicoteada pela eternidade? Comecei a me indagar sobre essas coisas e parei de acreditar nisso. Prefiro amar incondicionalmente meu pai do jeito que ele é, assim como amo a minha mãe, minha irmã, meus sobrinhos", afirmou no podcast Retrato Gravado.
Stauffer, também falou sobre o namorado do pai, que revelou sua orientação sexual aos filhos em 2017, após passar por uma cirurgia de risco.. "Foi muito impactante para mim e importante também. Hoje fico feliz e grato pelo meu pai ter contado isso para gente, ter conseguido falar", disse.
''Para um homem, numa sociedade que a gente vive, que ainda é machista e tem muito preconceito, um homem mais velho conseguir falar isso para mulher, para os filhos, para sociedade, acho que muito especial e necessário. Às vezes, a gente se afasta do que a gente é, dos nossos desejos, por inúmeros motivos, e acabamos nos afastamos de quem somos'', completou.
Sérgio Wesley agradeceu o acolhimento do filho. "Eu amo você cada dia mais e meu orgulho de você e meu respeito por você só aumentam! Que o Deus pai, amoroso, libertador, cuidador e sustentador continue a abençoar a sua vida! Te amo!", declarou-se.
Após a repercussão, Gabriel fez um longo desabafo em seu perfil do Instagram: Confira abaixo:
Outro dia esse primeiro corte da minha entrevista pro podcast Retrato Falado deu o que falar. Resolvi trazer aqui, pois fala muito sobre mim e sobre o momento que tenho vivido. Fui educado dentro da igreja evangélica. Até os 20 anos vivi intensamente aquela realidade. Lá comecei cantar, fazer teatro, circo, palhaçaria. (Coisas com que eu trabalho hoje). Lá aprendi sobre amor, moral, ética (sob a fé e a lente cristãos). Cheguei, inclusive, a fazer trabalho missionário diversas vezes.. na África, em tribos indígenas. Sexo, só faria depois do casamento. (😂Magina?!) Conheço a bíblia de cabo a rabo. Sei de cor os profetas menores, os cânticos, salmos. Mas de uns anos pra cá passei a me perguntar sobre tudo; como viviam os crentes hoje em dia, suas escolhas, seu jeito de agir, de pensar e fui me percebendo cada vez mais dissonante. O que acreditava ser certo, todos acreditavam o contrário, e vice-versa. Não me via mais ali (por tantos motivos que deixariam essa legenda imensa).
Meu pai revelar pra gente ser gay foi só mais um desses motivos. E eu sou imensamente grato por ele ter conseguido falar isso pra gente, depois de tanto tempo, por ele estar mais próximo de quem ele é, dos desejos dele. Me emociona. É lindo!
Acho que espiritualidade é diferente de religião e é uma busca individual. Eu continuo orando, pedindo, vibrando, me relacionando com um deus, porque preciso disso (Deve ser o sol na casa 12). Mas um Deus que é diferente daquele que aprendi dentro da igreja. Se transformar exige coragem, enfrentar seus medos. É doloroso e delicioso. E é uma busca que vai durar enquanto eu existir.