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Escrever à mão ativa mais áreas do cérebro e melhora aprendizado, indicam pesquisadores

Estudos mostram que o ato de formar letras no papel provoca maior atividade neural do que digitar em computadores, tablets ou celulares

Escrever à mão ativa mais áreas do cérebro | Foto: fotografierende/Unsplash

Escrever à mão ativa mais áreas do cérebro e favorece o aprendizado, segundo pesquisas internacionais que vêm influenciando escolas a limitar o uso de telas entre estudantes. Estudos mostram que o ato de formar letras no papel provoca maior atividade neural do que digitar em computadores, tablets ou celulares.

A pesquisadora cerebral Audrey van der Meer, professora de neuropsicologia na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, afirma que a diferença é evidente. “Quando medimos a atividade cerebral de pessoas que escrevem à mão, vemos que elas formam mais conexões no cérebro do que quando escrevem usando um computador”, explica. Segundo ela, essa atividade ocorre especialmente em áreas responsáveis pela memória e pela interpretação de novas informações. “Quando as pessoas escrevem à mão, vemos notavelmente mais atividade nervosa nas partes do cérebro que lidam com a memória e a interpretação de novas informações. Essa atividade desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem”, completa.

Diferença entre escrever e digitar

O professor Ruud van der Weel, que participou dos estudos, destaca que a escrita manual envolve múltiplos sentidos. “Quando escrevemos à mão, usamos mais nossos sentidos do que quando usamos um teclado. Em um teclado, repetimos os mesmos movimentos simples dos dedos, independentemente de qual caractere queremos digitar”, afirma. Ele também explica que o uso de canetas digitais em tablets produz efeito semelhante ao lápis comum, pois “no processo cerebral, a formação das letras é o mais importante”.

Uma pesquisa realizada em 2020 com cientistas de 19 países apontou que crianças norueguesas de 9 a 16 anos estavam entre as que mais passavam tempo online, cerca de quatro horas por dia, chegando a seis horas no caso de adolescentes de 16 anos. Os dados reforçaram o alerta sobre o impacto das telas em fases iniciais de desenvolvimento.

Recomendações para a primeira infância

A partir dessas evidências, a Diretoria Norueguesa de Saúde passou a desaconselhar o uso de qualquer tipo de tela por crianças menores de 2 anos e a limitar o tempo para, no máximo, uma hora diária entre 2 e 5 anos. Para van der Meer, a etapa inicial da infância não permite desperdício de estímulos reais. 

“Os bebês certamente podem aprender muito com uma tela, mas eles simplesmente não podem se dar ao luxo de gastar seu tempo valioso sentados em frente a uma tela, pois têm muito a aprender durante os primeiros dois a três anos de suas vidas. As crianças mais novas, com seus corpos pequenos e cérebros de ‘plástico’, precisam experimentar o mundo real”, afirma.

Os pesquisadores alertam que aprender a escrever apenas com teclado pode prejudicar a distinção entre letras semelhantes. “Crianças que aprendem a escrever usando teclados geralmente têm dificuldade em distinguir entre letras que são imagens espelhadas uma da outra, como ‘b’ e ‘d’. Elas não experimentaram fisicamente como é formar essas letras”, diz van der Weel.

Por isso, os especialistas recomendam estimular atividades manuais desde a pré-escola. “Crianças em idade pré-escolar precisam realizar atividades que exijam habilidades motoras finas. Isso pode incluir escrever, desenhar, colorir, fazer contas ou fazer quebra-cabeças. Muitas crianças mal sabem segurar uma caneta ou lápis”, acrescenta o pesquisador.

Van der Meer reforça que a escrita manual deve ser introduzida ainda no início da vida escolar. “As crianças devem primeiro aprender a escrever à mão, a partir do 1º ano de escola, para que possam formar as redes neurais que criam a melhor base possível para o aprendizado”, conclui.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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