Presente no imaginário de quase todo brasileiro, a lenda da loira do banheiro atravessa gerações em escolas do país e segue assustando crianças e adolescentes até hoje. Popularizada principalmente a partir do século XX, a história ganhou força em banheiros escolares porque, segundo a tradição, o espírito poderia ser invocado ali por meio de rituais repetidos diante do espelho, o que ajudou a espalhar o medo e a curiosidade de forma oral entre alunos.
A possível origem da lenda
Apesar das inúmeras versões, há indícios de que a loira do banheiro tenha surgido a partir de um episódio real ocorrido no interior de São Paulo, ainda no século XIX. A narrativa mais aceita aponta para a história de Maria Augusta de Oliveira Borges, jovem de 26 anos que teria vivido em Guaratinguetá, no local onde hoje funciona a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves.
Maria Augusta era filha do Visconde de Guaratinguetá e teve sua vida marcada por decisões impostas pela família. Em 1880, quando tinha apenas 14 anos, foi obrigada a se casar com um homem 21 anos mais velho, em um matrimônio arranjado por interesses políticos, prática comum entre famílias influentes da época.
Inconformada com o casamento, a jovem teria roubado joias do marido para juntar dinheiro e fugir para Paris, o que conseguiu fazer aos 18 anos. No entanto, poucos anos depois, Maria Augusta morreu na Europa, em circunstâncias nunca esclarecidas, e seu corpo foi enviado de volta ao Brasil por navio.
Durante o translado, ladrões teriam violado o caixão para roubar as joias, fazendo com que o atestado de óbito desaparecesse. Por conta disso, a causa da morte permanece um mistério, embora algumas narrativas indiquem que ela pode ter sido vítima de raiva, doença comum na Europa naquele período.
Em 1916, a antiga mansão onde Maria Augusta viveu foi destruída por um incêndio criminoso. Naquele momento, o imóvel já havia sido transformado em escola e, após o incêndio, acabou reconstruído, mantendo viva a memória do local e alimentando relatos sobrenaturais.
Desde então, estudantes e funcionários passaram a relatar fenômenos estranhos, como sons inexplicáveis e um piano tocando sozinho. O instrumento, que pertencia a Maria Augusta e era tocado por ela, permanece guardado na escola até hoje, reforçando o elo entre a jovem e a lenda da loira do banheiro, que segue assombrando corredores e banheiros escolares por todo o Brasil.