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Luany Sousa

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Gabby Petito: a viagem dos sonhos que terminou em tragédia

No dia 11 de setembro de 2021, Gabby foi dada como desaparecida e, oito dias depois, seu corpo foi encontrado. Sua morte, um feminicídio cometido pelo próprio namorado, causou comoção mundial

Gabby e Brian | Foto: Reprodução/youtube

Gabby Petito, uma jovem de 22 anos, ficou conhecida como influenciadora digital ao compartilhar suas viagens e experiências nas redes sociais. Natural de Blue Point, Nova York, Gabby era apaixonada por aventuras ao ar livre e pelo estilo de vida “van life”, que envolve viajar e morar em veículos adaptados. Em julho de 2021, ela e seu noivo, Brian Laundrie, iniciaram uma viagem de carro pelos Estados Unidos, documentando cada momento online. 

O que parecia um sonho se transformou em um pesadelo: no dia 11 de setembro de 2021, Gabby foi dada como desaparecida e, oito dias depois, seu corpo foi encontrado. Sua morte, um feminicídio cometido pelo próprio namorado, causou comoção mundial. 

O relacionamento

A van em que viajavam estava registrada no nome de Gabby. No início do relacionamento, tudo parecia bem, mas, segundo amigos próximos, Brian era manipulador e fazia com que ela se sentisse mal constatemente. O casal trabalhava para juntar dinheiro e realizar a tão sonhada viagem, mas o que deveria ser uma experiência incrível acabou ceifando a vida de Gabby. 

Foto:Reprodução/Netflix-Brian e Gabby

Uma amiga próxima, Rose Davis, revelou que Brian não gostava que Gabby estivesse com amigos ou no trabalho. “Ele queria ela só para ele. Sempre que ela mostrava que podia ser feliz sem ele, ele transformava isso em uma briga”, afirmou Rose. 

No documentário sobre o caso, lançado recentemente pela Netflix, Rose relembrou o dia em que conheceu Brian: “Parecia que um pai estava nos observando durante um encontro, era muito estranho, mas ele era muito gentil.” Ela contou que comentou com sua mãe sobre a impressão que teve dele. “Eu disse: ‘Ele é um cara muito legal, mas sinto que há algo errado com ele.’” Com o tempo, esse lado obscuro se tornou mais evidente. 

Foto:Reprodução/Facebook-Rose e Gabby

o LADO OBSCURO

Brian fazia Gabby se sentir amada e presenteada, mas, ao mesmo tempo, se vitimizava e a culpava por qualquer problema no relacionamento. O documentário da Netflix explora esse lado da relação com profundidade, trazendo relatos de amigos e mensagens encontradas no celular de Gabby, expostas ao público pela primeira vez desde o caso. 

Um mês depois do início da viagem, em 12 de agosto de 2021, a polícia de Moab, Utah, atendeu a uma denúncia de possível violência doméstica envolvendo Gabby Petito e Brian Laundrie. Imagens das câmeras corporais dos agentes mostraram Gabby chorando e visivelmente abalada, enquanto Brian apresentava arranhões no rosto. Nenhuma acusação formal foi feita, mas os policiais aconselharam o casal a passar a noite separados. 

Abordagem policial-Foto:Reprodução/Youtube

O mais surpreendente dessa história é que Gabby foi considerada a agressora. Brian foi encaminhado para um hotel, enquanto Gabby permaneceu sozinha na van, sem receber qualquer suporte adicional. O vídeo desse momento, divulgado após o desaparecimento de Gabby pela imprensa internacional, gerou indignação em quem assistiu. É inegável que a polícia foi negligente, o que, convenhamos, não surpreende. Essa não foi a primeira, nem a segunda, e certamente não será a última vez que uma situação como essa acontece. 

aS BRIGAS POR TRÁS DAS CAMÊRAS

Alguns amigos relatavam que Gabby mencionava a insatisfação de Brian com seu apego à criação de conteúdo e à produção de vídeos. Eles discutiam com frequência sobre o assunto, e Gabby sentia que, às vezes, Brian não apoiava seu trabalho. 

Após o ocorrido do dia 12 de agosto, dias antes de sua morte, Gabby entrou em contato com seu ex-namorado, Jackson Hufham, expressando seu desejo de terminar o relacionamento com Brian, mas também seu medo da reação dele. Em 22 de agosto de 2021, ela enviou uma mensagem a Jackson: 

“Oi, tenho certeza de que sou a última pessoa no planeta de quem você quer ouvir falar. Eu adoraria falar com você. Só estou sozinha até amanhã.” 

Gabby e Brian para o vlog da viagem-Foto:Reprodução/Youtube

Preocupado, Jackson retornou a ligação, e Gabby compartilhou suas intenções de deixar Brian, mas confessou não saber como proceder, temendo sua reação. Jackson interpretou essa ligação como um pedido de ajuda e aconselhou-a a ter cuidado. No dia 27 de agosto, Gabby enviou outra mensagem a Jackson, mencionando que estava em Jackson, Wyoming, o que o fez lembrar dele. 

No dia seguinte, 28 de agosto, Gabby tentou ligar para Jackson novamente, mas ele estava no trabalho e não conseguiu atender. Essa foi a última tentativa de contato antes de seu desaparecimento. Jackson refletiu sobre essa ligação perdida: será que Gabby queria fazer um último pedido de socorro? Será que ele poderia ter salvado sua vida? Nunca teremos essa resposta... 

Ex-namorado de Gabby-Fotos;Netflix

Cronologia dos Eventos 

Como informado no inicio da matéria, Em 2 de julho de 2021, Gabby e seu noivo, Brian Laundrie, iniciaram uma viagem pelos Estados Unidos. Em 12 de agosto de 2021, a polícia de Moab, Utah, interveio em uma disputa doméstica entre o casal. Uma testemunha relatou ao 911 ter visto uma discussão, durante a qual Gabby teria tentado entrar na van pela janela após Brian ter batido em seu rosto. 

No final de agosto, as ligações de Gabby para sua mãe cessaram, assim como as postagens nas redes sociais. A última publicação de Gabby foi feita no dia 25 de agosto de 2021

Brian retornou sozinho à Flórida em 1º de setembro de 2021. A família de Gabby reportou seu desaparecimento em 11 de setembro. Quando a polícia foi à casa dos pais de Brian naquele dia, eles se recusaram a cooperar ou responder a perguntas, conforme mostrado em imagens de câmeras corporais divulgadas posteriormente. 

Foto:Reprodução-Pais de Gabby

Negligẽncia

Os policiais solicitaram ajuda para tranquilizar a família de Gabby, mas os Laundrie permaneceram em silêncio e informaram que tinham um advogado, no primeiro momento em que a policia bateu na sua porta. Vale citar que antes disso, a familia de Gaby ja tinha ligado para os pais de Brian, eles recusavam todas as ligações. Alguns dias depois a van de Gaby foi encontrada na garagem da casa dos laudrien, com todos esses comportamentos, a policia tinha então um suspeito principal para qualquer coisa que tivesse acontecido caso Gabby não fosse encontrada. 

Pais de Brian-Foto:Reprodução/Facebook

Desaparecimento de Brian e o corpo de Gabby

Em 17 de setembro, Brian foi declarado desaparecido. Em 19 de setembro, equipes de busca encontraram um corpo que correspondia à descrição de Gabby no Parque Nacional de Grand Teton, Wyoming. A autópsia confirmou que se tratava de Gabby Petito, e a causa da morte foi estrangulamento, classificada como homicídio. A autópsia confirmou sua identidade e determinou que a causa da morte foi homicídio por “lesões contundentes na cabeça e pescoço, com estrangulamento manual”, ocorrendo de três a quatro semanas antes da descoberta do corpo. 

Vale ressaltar que, em 30 de agosto de 2021, a mãe de Gabby recebeu uma mensagem de texto do celular da filha, mas suspeitou que não tivesse sido enviada por ela — e, de fato, não foi. Dias antes, em 27 de agosto, testemunhas relataram uma discussão entre Gabby e Brian em um restaurante em Wyoming. Imagens de segurança registraram a última vez em que Gabby foi vista. 

Local onde o corpo de Gabby foi encontrado

As atitudes de Brian após o crime

Após a morte de Gabby Petito, Brian Laundrie tomou diversas medidas para tentar encobrir o ocorrido e evitar suspeitas. Ele usou o celular de Gabby para enviar mensagens para si mesmo e para familiares dela, tentando criar a impressão de que ela ainda estava viva. Além disso, registros telefônicos mostram que Brian manteve contato frequente com seus pais nesse período. Entre 29 e 30 de agosto de 2021, ele fez aproximadamente 20 ligações para eles, sugerindo que já tinham conhecimento da morte de Gabby enquanto as autoridades ainda a procuravam. 

Em 29 de agosto, Brian foi visto caminhando sozinho nas proximidades de Colter Bay Village, em Wyoming, quando foi abordado por uma motorista que lhe ofereceu carona. Ele aparentava estar suado e cansado. Durante o trajeto, ao perceber que o destino era Jackson Hole, e não Jackson, Wyoming, Brian demonstrou nervosismo e pediu para descer próximo à entrada do Spread Creek Dispersed Camping Area — local onde o corpo de Gabby seria posteriormente encontrado. 

A van parada

A descoberta do corpo de Gabby foi facilitada pela comunidade “van life”. Um casal que também seguia esse estilo de vida revisou suas filmagens e identificou a van dela estacionada na área de acampamento de Spread Creek em 27 de agosto. Eles compartilharam as imagens nas redes sociais, ajudando as autoridades a delimitar a área de busca. Em 19 de setembro de 2021, os restos mortais de Gabby foram localizados. 

Foto:Reprodução/Youtube-Van parada

O corpo de Brian e a confissão

As buscas por Brian Laundrie continuaram até 20 de outubro de 2021, quando seus restos mortais foram encontrados no Parque Ambiental Myakkahatchee Creek, na Flórida. Perto dele, havia um caderno onde Brian confessava a responsabilidade pela morte de Gabby. No relato, ele afirmou que ela havia se ferido e que ele a matou para aliviar seu sofrimento. Essa versão, no entanto, foi contestada tanto pela família de Gabby quanto pelos investigadores. “Eu tirei sua vida. Achei que estava sendo misericordioso, que era o que ela queria, mas agora vejo todos os erros que cometi.” Especialistas contestam a versão de Brian, afirmando que seu relato não condiz com as evidências encontradas durante a investigação. 

Outro ponto relevante é que os próprios pais de Brian foram os responsáveis por encontrar seu corpo, em uma área que já havia sido vasculhada pela polícia. Seu estado de decomposição era avançado. A autópsia revelou que ele morreu por suicídio, causado por um disparo de arma de fogo na cabeça. 

Medidas tomadas

Em novembro de 2022, os pais de Gabby processaram os pais de Brian, alegando sofrimento emocional devido à omissão de informações sobre a morte da filha. O processo foi resolvido em fevereiro de 2024, após mediação, mas os termos do acordo não foram divulgados. Além disso, os pais de Gabby entraram com um processo contra o Departamento de Polícia de Moab, alegando que os policiais não seguiram os protocolos adequados durante uma abordagem ao casal, em 12 de agosto de 2021. 

Site criado pelo pais de Gabby

O processo foi arquivado em novembro de 2024, com o juiz citando a Lei de Imunidade Governamental de Utah, embora reconhecesse que a conduta dos oficiais pudesse ter contribuído para a morte de Gabby. Desde então, os pais de Gabby têm se dedicado a honrar sua memória por meio da Gabby Petito Foundation, criada em 2021 para apoiar sobreviventes de violência doméstica. A fundação foca na conscientização sobre o tema, no treinamento de primeiros socorros e na pressão por mudanças legislativas. Eles enfatizam a importância de continuar o legado de Gabby e acreditam que ela ainda está com eles, enviando sinais. 

Em fevereiro de 2025, a Netflix lançou a série documental American Murder: Gabby Petito, explorando os eventos que levaram ao assassinato. O trailer, que mostra o relacionamento aparentemente perfeito do casal se tornando violento, gerou críticas, com acusações de que a plataforma estaria explorando a tragédia. A mãe de Gabby, Nichole Schmidt, expressou seu perdão a Brian Laundrie, mas criticou seus pais por auxiliarem na fuga dele. As famílias Petito e Laundrie chegaram a um acordo confidencial para evitar um julgamento civil. 

Comoção e debates

No YouTube, Gabby chegou a postar apenas um único vídeo, em 19 de agosto de 2021. Atualmente, o conteúdo conta com 10 milhões de visualizações e seu canal tem 237 mil inscritos — números que cresceram após a repercussão do caso. No Instagram, a conta de Gabby acumula mais de 1 milhão de seguidores. O caso de Gabby Petito gerou intensa comoção pública, mas também levantou debates sobre privilégios midiáticos e o tratamento dispensado a outros desaparecimentos. 

Enquanto muitos acompanhavam a história com empatia, outros questionaram a atenção desproporcional dada ao caso em comparação a outras vítimas — especialmente mulheres negras, indígenas e de comunidades periféricas, cujas histórias frequentemente não recebem a mesma cobertura. O fenômeno foi descrito por especialistas como Missing White Woman Syndrome (Síndrome da Mulher Branca Desaparecida), um termo que aponta para o padrão da mídia em destacar casos de mulheres jovens, brancas e de classe média, enquanto ignora desaparecimentos de pessoas racializadas ou em situação de vulnerabilidade social. 

POster doc-Foto:Divulgação/Netflix

Outras pessoas encontradas

Além disso, durante as buscas por Gabby, outras pessoas desaparecidas foram encontradas, chamando a atenção para a quantidade de casos negligenciados. Um dos mais notáveis foi o de Robert Lowery, um homem de 46 anos do Texas que estava desaparecido desde agosto de 2021. Seu corpo foi encontrado em setembro, em Wyoming, próximo à área onde Gabby foi vista pela última vez. A exposição do caso Petito levou a novas pistas que ajudaram a localizar Lowery, evidenciando como a visibilidade pode ser um fator crucial na resolução de desaparecimentos. 

Foto:Reprodução-Robert Lowery

Outro caso resgatado na época foi o de Kylen Schulte e Crystal Turner, um casal de mulheres assassinadas em agosto de 2021, na mesma região onde Gabby e Brian estiveram. Amigos e familiares de Kylen e Crystal alegaram que a cobertura do caso Petito contrastava fortemente com a falta de atenção dada ao brutal assassinato das duas. A repercussão da tragédia também trouxe à tona discussões sobre violência doméstica e o papel das autoridades na prevenção desses crimes. 

Foto:Reprodução/Facebook-Kyle e Crystal

Em especial, muitos questionaram a abordagem da polícia de Moab, que, em 12 de agosto de 2021, atendeu a uma denúncia de briga entre Gabby e Brian, mas não tomou providências efetivas. As imagens da câmera corporal dos policiais mostraram uma Gabby visivelmente abalada e ansiosa, assumindo a culpa pela discussão, enquanto Brian parecia mais calmo e cooperativo. Apesar disso, a polícia optou por tratá-lo como vítima e não investigou mais a fundo a possibilidade de abuso emocional ou físico. O episódio serviu como exemplo da falta de preparo de algumas autoridades para identificar dinâmicas de relacionamentos abusivos e agir preventivamente. 

A tragédia também gerou reflexões sobre como a sociedade percebe e lida com relacionamentos tóxicos. Muitas pessoas, especialmente mulheres, reconheceram na história de Gabby padrões de controle, manipulação e isolamento que são comuns em casos de violência psicológica e doméstica. 

A fundação criada por seus pais busca justamente trazer mais visibilidade para essas questões, promovendo conscientização, treinamentos e iniciativas legislativas para evitar que outros casos terminem da mesma forma. Por fim, o caso de Gabby Petito expôs tanto a força da mídia na mobilização pública quanto suas falhas em cobrir tragédias de maneira igualitária. Esse ano, daqui 9 dias, no dia 19 de março, Gabby completaria os seus 26 anos... 

Uma teoria da conspiração

Ah, caro leitor, quase ia me esquecendo: existe uma teoria levantada na internet de que talvez Brian não esteja morto, e sim, que ele tenha encontrado um jeito de não responder pelos crimes que cometeu. Não irei abordar esse assunto, mas deixo um vídeo para que você mesmo possa tirar suas conclusões… E me diga: o que você acha dessa teoria?

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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