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Após alerta financeiro, Santos terá que rever valores se quiser renovar com Neymar

Conselho Fiscal aponta impacto significativo do craque nas contas; clube só discutirá novo acordo após o fim da temporada

Neymar em atuação pelo Santos | Foto: Daniel Castelo Branco/Getty Images
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O futuro de Neymar no Santos está cada vez mais condicionado às finanças do clube. Em má fase técnica e desfalcando o time em momentos decisivos, o camisa 10 tem um custo considerado altíssimo: apenas seu salário equivale ao de cerca de cinco jogadores comuns do elenco. A folha salarial atual do Peixe gira em torno de R$ 11,3 milhões, segundo o balancete do segundo trimestre e a presença de Neymar pressiona esses números como nenhum outro atleta.

Internamente, a percepção é clara: o retorno esportivo não corresponde ao peso financeiro. Por isso, uma eventual renovação só será debatida após o fim da temporada e com forte revisão de valores.

Neymar fez gol, mas cometeu pênalti em Santos x Mirassol — Foto: AGIF 

Conselho Fiscal faz alerta direto e cita Neymar nominalmente

A reportagem teve acesso ao parecer do Conselho Fiscal, que faz um alerta contundente sobre a gestão financeira e menciona Neymar diretamente como fator de desequilíbrio.

Em sua conclusão, o documento afirma: “As sugestões apresentadas por este Conselho Fiscal permanecem as mesmas, baseadas na equalização dos custos e despesas, que, apesar do aumento das receitas, continuam muito discrepantes. (...) A gestão deve tomar atitudes para que os números não se distanciem do que foi orçado.”

Em seguida, destaca o impacto da contratação do ídolo: Temos ciência de que o fator Neymar Júnior faz com que esse cenário se altere significativamente, mas é fundamental manter a austeridade na contenção de novas dívidas e nas renegociações das antigas, de modo que não aumentem substancialmente.”

A análise reforça que, mesmo com ganhos comerciais e novos contratos firmados após o retorno do craque, o custo total ainda pressiona as contas do Santos, especialmente diante de uma contrapartida esportiva aquém do esperado.

Desempenho abaixo e risco de rebaixamento pesam

Dentro de campo, Neymar deixou a desejar nas principais decisões da temporada, como no Paulistão e no Brasileirão. O camisa 10 perdeu 18 das 35 rodadas disputadas até agora e soma 25 jogos, sete gols e três assistências.

O cenário é ainda mais delicado porque, caso o Santos seja rebaixado, a permanência do craque em 2026 se tornaria praticamente inviável. A queda derrubaria receitas, e o custo atual do ídolo é considerado incompatível com a realidade de uma Série B.

Mesmo em caso de permanência na elite, a diretoria entende que uma renovação só seria possível mediante uma readequação profunda dos valores.

Direitos de imagem elevam a conta

Além do salário elevado, outro ponto que preocupa é o valor pago pelos direitos de imagem. No segundo trimestre, o Santos chegou a gastar quase R$ 24 milhões por mês apenas nessa rubrica. Somado à folha, o total bateu R$ 36,4 milhões em maio.

Quando trouxe Neymar, o clube aceitou pagar R$ 85 milhões à NR Sports, empresa da família do jogador, para explorar sua imagem, quantia mantida na renovação de junho, mas parcelada até o fim de 2026. Apenas duas parcelas foram quitadas até agora.

Por isso, é considerado improvável que o Peixe tenha condições de oferecer algo próximo desse valor em uma nova negociação. Para seguir no clube, Neymar teria de aceitar reduzir drasticamente o montante previsto inicialmente.

Discussão adiada para o fim da temporada

O Santos só pretende discutir o futuro do craque após o término do Brasileirão. Neymar desfalcou o time contra o Internacional com dores no joelho esquerdo e tem previsão de retorno na sexta-feira, diante do Sport, na Vila Belmiro.

Enquanto isso, a diretoria tenta equilibrar o discurso: deseja manter o ídolo, que mira disputar a Copa do Mundo de 2026, mas só poderá fazê-lo mediante uma repactuação profunda, tanto com Neymar quanto com a empresa que administra sua imagem.

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