O futuro de Neymar no Santos está cada vez mais condicionado às finanças do clube. Em má fase técnica e desfalcando o time em momentos decisivos, o camisa 10 tem um custo considerado altíssimo: apenas seu salário equivale ao de cerca de cinco jogadores comuns do elenco. A folha salarial atual do Peixe gira em torno de R$ 11,3 milhões, segundo o balancete do segundo trimestre e a presença de Neymar pressiona esses números como nenhum outro atleta.
Internamente, a percepção é clara: o retorno esportivo não corresponde ao peso financeiro. Por isso, uma eventual renovação só será debatida após o fim da temporada e com forte revisão de valores.
Conselho Fiscal faz alerta direto e cita Neymar nominalmente
A reportagem teve acesso ao parecer do Conselho Fiscal, que faz um alerta contundente sobre a gestão financeira e menciona Neymar diretamente como fator de desequilíbrio.
Em sua conclusão, o documento afirma: “As sugestões apresentadas por este Conselho Fiscal permanecem as mesmas, baseadas na equalização dos custos e despesas, que, apesar do aumento das receitas, continuam muito discrepantes. (...) A gestão deve tomar atitudes para que os números não se distanciem do que foi orçado.”
Em seguida, destaca o impacto da contratação do ídolo: “Temos ciência de que o fator Neymar Júnior faz com que esse cenário se altere significativamente, mas é fundamental manter a austeridade na contenção de novas dívidas e nas renegociações das antigas, de modo que não aumentem substancialmente.”
A análise reforça que, mesmo com ganhos comerciais e novos contratos firmados após o retorno do craque, o custo total ainda pressiona as contas do Santos, especialmente diante de uma contrapartida esportiva aquém do esperado.
Desempenho abaixo e risco de rebaixamento pesam
Dentro de campo, Neymar deixou a desejar nas principais decisões da temporada, como no Paulistão e no Brasileirão. O camisa 10 perdeu 18 das 35 rodadas disputadas até agora e soma 25 jogos, sete gols e três assistências.
O cenário é ainda mais delicado porque, caso o Santos seja rebaixado, a permanência do craque em 2026 se tornaria praticamente inviável. A queda derrubaria receitas, e o custo atual do ídolo é considerado incompatível com a realidade de uma Série B.
Mesmo em caso de permanência na elite, a diretoria entende que uma renovação só seria possível mediante uma readequação profunda dos valores.
Direitos de imagem elevam a conta
Além do salário elevado, outro ponto que preocupa é o valor pago pelos direitos de imagem. No segundo trimestre, o Santos chegou a gastar quase R$ 24 milhões por mês apenas nessa rubrica. Somado à folha, o total bateu R$ 36,4 milhões em maio.
Quando trouxe Neymar, o clube aceitou pagar R$ 85 milhões à NR Sports, empresa da família do jogador, para explorar sua imagem, quantia mantida na renovação de junho, mas parcelada até o fim de 2026. Apenas duas parcelas foram quitadas até agora.
Por isso, é considerado improvável que o Peixe tenha condições de oferecer algo próximo desse valor em uma nova negociação. Para seguir no clube, Neymar teria de aceitar reduzir drasticamente o montante previsto inicialmente.
Discussão adiada para o fim da temporada
O Santos só pretende discutir o futuro do craque após o término do Brasileirão. Neymar desfalcou o time contra o Internacional com dores no joelho esquerdo e tem previsão de retorno na sexta-feira, diante do Sport, na Vila Belmiro.
Enquanto isso, a diretoria tenta equilibrar o discurso: deseja manter o ídolo, que mira disputar a Copa do Mundo de 2026, mas só poderá fazê-lo mediante uma repactuação profunda, tanto com Neymar quanto com a empresa que administra sua imagem.