SEÇÕES

Bob Marley, e sua paixão pelo futebol que ajudou a levá-lo à morte; entenda

Paixão do cantor pela bola era tão grande quanto pela música e um machucado nos campos ajudou a desencadear o câncer que o matou

Bob Marley era apaixonado tanto pela musica quanto pelo futebol | Foto: Reprodução
Siga-nos no

Ícone do reggae, símbolo da cultura jamaicana e do movimento rastafári, Bob Marley também foi um apaixonado por futebol. Jogava diariamente, organizava campeonatos e vivia com a bola nos pés, mesmo em turnês. Mas foi justamente essa paixão que, indiretamente, contribuiu para sua morte, aos 36 anos, em 11 de maio de 1981.

Bob Marley jogando futebol - Foto: Reprodução

Em 1977, durante uma partida de futebol em Paris, Marley machucou o dedão do pé. Aparentemente simples, o ferimento evoluiu e revelou um melanoma acral lentiginoso, um tipo raro de câncer de pele, mais comum em áreas com pouca exposição solar. Fiel às crenças rastafáris, Bob recusou a amputação do dedo, tratamento indicado pelos médicos, e seguiu com sua rotina de shows.

A doença se espalhou rapidamente para órgãos como fígado, cérebro e pulmões. Nos últimos meses de vida, já debilitado, Bob Marley converteu-se ao cristianismo e buscou tratamento convencional nos Estados Unidos, mas não resistiu.

Futebol como estilo de vida

Para Bob Marley, o futebol era mais que um hobby, era uma filosofia. “Futebol é liberdade”, dizia. Nos bastidores de seus shows, o artista transformava qualquer espaço em campo improvisado. Chegou a afirmar que, para realmente conhecê-lo, era preciso jogar contra ele e os Wailers.

Nas ruas de Trenchtown, bairro periférico de Kingston onde cresceu, o garoto Bob já era fissurado pela bola. “Destruí um par de tênis jogando futebol. Minha mãe me bateu com cinto por isso”, lembrava. Com o sucesso na música, a paixão não arrefeceu. Antes de apresentações, era comum vê-lo chutando bola, inclusive com jogadores profissionais.

Allan “Skill” Cole, maior craque jamaicano da época e ex-jogador do Náutico, virou seu melhor amigo e parceiro de pelada. Cole também se tornaria empresário e coautor de músicas como War e Natty Dread.

Admirador do futebol brasileiro

Em 1980, Marley esteve no Brasil e realizou um sonho: jogar com ídolos da música e do futebol. Em um campinho do Rio, dividiu o gramado com Chico Buarque, Toquinho, Alceu Valença e Paulo César Caju, por quem se encantou. O jamaicano marcou um gol, venceu o jogo por 3 a 0 e ganhou mais um amigo.

 Em 1980  dividiu o gramado em um campinho do Rio com nomes da MPB - Foto: Reprodução 

“Ele me disse que queria criar uma escola de futebol para crianças carentes na Jamaica e me chamou para dar aulas”, contou Caju. O projeto nunca saiu do papel, Bob morreria poucos meses depois.

Além da Seleção Brasileira, Marley era fã do Santos de Pelé e vestiu a camisa do Peixe durante a visita ao país. A influência foi tamanha que, nos anos 1960, um time chamado Santos FC foi fundado em Kingston e venceu as primeiras edições do Campeonato Jamaicano.

Bob Marley com a camisa do Santos - Foto: Reprodução

Nos gramados do mundo

Mesmo fora da Jamaica, Bob Marley seguia com o futebol. Em Londres, após sofrer um atentado em 1976, passou a jogar em parques próximos ao estádio do Fulham. Em turnês, treinava com times como o Nantes, na França, e acompanhava as Copas do Mundo com entusiasmo. Na de 1978, mandou instalar televisores nos ônibus da turnê para não perder os jogos.

Na Europa, torcia pelo Celtic, clube escocês que conquistou a Champions League de 1967. Em visita à Austrália, impressionou a lenda Dixie Dean com seu conhecimento sobre futebol e seu desempenho em campo.

Uma paixão que custou caro

O ferimento no pé ocorrido durante uma pelada em 1977 poderia ter sido tratado, mas as crenças religiosas de Bob Marley o impediram de seguir o protocolo médico. O tumor se espalhou e tirou a vida do artista em 1981, 44 anos atrás, no auge dos seus 36 anos.

Nos seus últimos dias, Marley dizia sonhar em unir música e futebol para transformar a vida de crianças jamaicanas. Morreu antes de ver esse plano concretizado. Ainda assim, deixou um legado eterno, nos palcos, nas ruas de Kingston e nos gramados improvisados do mundo.

“Quando jogamos futebol, também fazemos música. Eu preciso disso. Liberdade. Futebol é liberdade.” Essa foi a filosofia que Bob Marley viveu até o fim.

Tópicos
Carregue mais
Veja Também