A imagem daquela Argentina ameaçadora, que foi campeã olímpica em 2004, parece ser uma foto amarelada na parede. Longe de mostrar o basquete envolvente que começou a encantar o mundo com o vice-campeonato no Mundial de Indianápolis-2002, os hermanos voltaram a sofrer um novo golpe na Copa América, em San Juan. Depois da surra dada pela Venezuela, foi a vez de o Brasil derrotar nesta sexta-feira os argentinos: 76 a 67 (37 a 23).
A partida que tinha ares de revanche devido ao revés na Tuto Marchand, acabou sendo mais fácil do que a equipe brasileira poderia imaginar. Com a vitória, a seleção de Moncho Monsalve se garante nas quartas de final. Os hermanos correm o risco de serem eliminados: quatro dos cinco de cada grupo se classificam. O Brasil precisou de pouco mais de quatro minutos para poder frear o ímpeto dos hermanos. Uma roubada de bola de Leandrinho a 5m46s do fim do primeiro quarto foi a senha para que a seleção soltasse seu jogo. Depois daquele lance, os argentinos não conseguiram marcar um ponto sequer e viram o Brasil conseguir oito seguidos.
Por quatro minutos, com dificuldades de encontrar espaços dentro do garrafão brasileiro, muito bem guardado por Tiago Splitter e Anderson Varejão, forçavam as bolas de três, mas não tinham sucesso. Das cinco tentativas, converteram apenas uma. E foi essa, convertida por Canteros após uma bobeada no ataque do Brasil, que fez a diferença cair de seis para três pontos quando restava 1m13s: 16 a 13. Mas uma cesta de Splitter e um arremesso longo de Anderson Varejão devolveram a tranqüilidade à equipe: 21 a 13. Vantagem que logo passou a ser de dez pontos (23 a 13) no início do segundo período.
Até que a consistência ofensiva da seleção deu lugar à precipitação e a insistência nos chutes de três ajudaram a Argentina a encostar no marcador: 23 a 21. A tranqüilidade começou a ganhar outra cara. Marcelinho entrou e logo ficou pendurado com quatro faltas. Reclamou muito das marcações do juiz quando voltou para o banco enquanto que o técnico Moncho Monsalve batia na cadeira, jogava a cabeça para trás e levava as mãos ao rosto. Desespero que só diminuiu quando o Brasil voltou a se organizar e retomou o comando do jogo: 37 a 23.
O ritmo se manteve alto na volta do vestiário. O Brasil respirava com 16 pontos de frente e a Argentina teimava em não se render. Apostava em mais um momento de instabilidade do adversário para se aproximar. E ele veio. A marcação apertou e a diferença caiu para sete pontos (48 a 41). Coube a Anderson mostrar aos companheiros que nem três homens em sua cola poderiam pará-lo.
Ele converteu a cesta e fez o time vibrar de novo. As bolas de três voltaram a cair para desespero dos hermanos: 60 a 46. Desespero que mudou de lado depois dos 8 a 0 impostos pelos rivais no início do último quarto. O Brasil logo retomou as rédeas do jogo, conseguiu administrar a vantagem sempre na casa dois oito pontos, mas os argentinos insistiam. Nem mesmo a perda do campeão olímpico Scola, eliminado por cometer a quinta falta quando restavam 4m11s, fez o time esmorecer. Gutierrez acertou uma bola de três e fez a diferença cair para cinco pontos. Leandrinho, cestinha da partida com 21 pontos, e Marcelinho Huertas devolveram a gentileza e forçaram a Argentina a se render.