O Corinthians voltou a ser punido com um transfer ban, sanção que impede o registro de novos jogadores, após atrasar o pagamento de uma das parcelas do acordo firmado com o Cuiabá na CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas) da CBF. O clube paulista foi notificado nesta segunda-feira (20) e, segundo o regulamento, ficará impossibilitado de registrar atletas por até seis meses.
A parcela em questão venceu na última sexta-feira (17), mas o Timão alegou que o prazo poderia ser estendido por mais cinco dias, conforme cláusula do plano de pagamento firmado entre as partes. Por isso, o clube entendia que ainda não estava em atraso e planejava efetuar o depósito até quarta-feira (22).
Em nota, o Corinthians informou que realizará o pagamento ainda nesta segunda e que entrará com recurso para tentar suspender a punição.
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que recebe com surpresa a celeridade da decisão da CNRD e esclarece que efetuará o pagamento ainda nesta segunda-feira (20) para então solicitar o pedido de reconsideração da decisão”, afirmou o clube do Parque São Jorge.
Cuiabá rebate versão corintiana
O Cuiabá, por sua vez, contesta a alegação do Corinthians de que havia uma extensão de prazo. Em documento de advertência enviado em julho, quando o Timão também havia atrasado uma parcela, o relator Marcelo Lessa destacou que :
“o prazo de cinco dias para apresentar os comprovantes de pagamento não deve ser considerado uma extensão do prazo de pagamento, tendo a finalidade apenas de permitir ao Corinthians organizar sua manifestação e apresentação dos comprovantes”.
Segundo o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, o clube já havia comunicado à CBF o não pagamento e esperava a aplicação imediata da punição.
“Comunicamos nesta segunda o descumprimento do acordo e aguardamos o transfer ban, conforme as regras assinadas”, afirmou o dirigente.
O acordo com a CNRD
O plano de pagamento coletivo do Corinthians foi homologado pela CNRD em abril deste ano, após uma série de cobranças de jogadores, empresários e clubes. O valor total do acordo é de R$ 76 milhões, dividido em parcelas trimestrais ao longo de seis anos.
De acordo com os termos, 80% de cada parcela deve ser direcionado ao credor principal e 20% aos honorários advocatícios. O documento ainda estabelece que, em caso de reiterados atrasos, o Corinthians pode sofrer transfer ban de, no mínimo, seis meses, punição que não pode ser suspensa mesmo após o pagamento da dívida.
Mais dívidas e punições
A situação financeira do Timão preocupa. Além do bloqueio imposto pela CNRD, o clube já possui outro transfer ban ativo na Fifa devido à dívida com o Santos Laguna, do México, pela contratação do zagueiro Félix Torres, avaliada em R$ 33 milhões.
O Corinthians também foi condenado pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) a pagar R$ 41,3 milhões ao meia Matías Rojas por quebra de contrato. Caso não quite o valor até a primeira quinzena de novembro, o clube pode sofrer uma nova punição da entidade máxima do futebol.
O departamento jurídico do Corinthians tenta reverter a decisão na CBF ainda nesta semana. A diretoria garante que o pagamento será efetuado e acredita que, com a regularização, o transfer ban poderá ser suspenso antes do prazo máximo de seis meses. Enquanto isso, o clube segue pressionado por credores e por uma crise financeira que começa a impactar diretamente o planejamento esportivo.