As mudanças de rumo de última hora têm marcado o Flamengo nesta janela de transferências. Com os casos de Mikey Johnston, Matheus Gonçalves e Victor Hugo, o clube acumula três desistências em julho, mesmo com negociações quase fechadas. Até agora, apenas a tratativa por Gerson seguiu o curso esperado — ainda que de forma conturbada.
As desistências nas negociações expõem um cenário de falta de sintonia e atritos internos na diretoria do Flamengo. Após a Copa do Mundo de Clubes, José Boto e Bap precisaram se reunir para alinhar expectativas e conter uma crise nos bastidores. Houve até mudança na hierarquia da base, mas os recuos nas negociações continuam, refletindo o momento instável do clube.
MIKEY JOHNSTON
No caso de Mikey Johnston, o Flamengo já tinha um acordo fechado e até a passagem comprada para a apresentação no Rio de Janeiro. Segundo o ge, a reação negativa da torcida e a pressão interna de correntes políticas do clube levaram a diretoria a vetar o nome, mesmo após aprovação de José Boto e da comissão técnica.
A negociação foi embargada mesmo após o aval do presidente. Publicamente, Bap alegou questões médicas como justificativa para o recuo.
MATHEUS GONÇALVES
Matheus Gonçalves estava de malas prontas para sair do Rio de Janeiro quando o Flamengo voltou atrás na negociação. Já havia um princípio de acordo entre os clubes, e na última sexta-feira, Bap deu o ok a Pedrinho, dono da SAF do Cruzeiro, para a proposta de 3,5 milhões de euros (cerca de R$ 22 milhões) por 50% dos direitos econômicos — percentual reduzido após negociação (a oferta inicial era por 70%).
O Cruzeiro aceitou pagar em três parcelas (uma imediata, outra em abril de 2026 e outra em agosto de 2026), mas o Flamengo exigiu o pagamento à vista, e mesmo assim obteve um sinal positivo dos mineiros. Com o aceite, o presidente do Flamengo pediu que a negociação fosse concluída com o departamento de futebol, mas foi nesse momento que veio a negação.
Na noite desta segunda-feira, Bap comunicou ao Cruzeiro que desistiu da venda, sem oferecer explicações detalhadas. A decisão causou incômodo em Belo Horizonte, e o próprio jogador foi surpreendido com a notícia.
VICTOR HUGO
Outro caso foi o de Victor Hugo. Após o fim do empréstimo ao Göztepe (Turquia), o Flamengo acertou sua transferência para o Famalicão (Portugal), sem compensação financeira, mas mantendo 50% dos direitos econômicos.
A repercussão negativa pesou novamente, e a diretoria passou a exigir algum valor ou que a saída ocorresse via empréstimo, por considerar que o acordo era injusto, já que Victor Hugo teve bons momentos no time principal. A mudança de postura irritou os portugueses, e o Flamengo agora aguarda propostas de empréstimo pelo jogador.