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Ednaldo Rodrigues é afastado da presidência da CBF pela Justiça

Fernando Sarney assume como interventor e deve convocar novas eleições após suspeita de falsificação de assinatura

Ednaldo Rodrigues deixa a presidência da CBF por decisão judicial | Foto: Fred Gomes
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O futebol brasileiro vive mais um capítulo de instabilidade institucional. Ednaldo Rodrigues foi novamente afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por decisão da Justiça do Rio de Janeiro. A medida foi tomada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que também anulou o acordo que havia garantido a permanência de Ednaldo no cargo.

A presidência provisória fica a cargo de Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, que agora tem a missão de convocar novas eleições "o mais rápido possível", conforme determinou o magistrado. Até lá, Sarney terá plenos poderes administrativos, de acordo com o artigo 7º do Estatuto da CBF.

A assinatura contestada

O centro da crise está na validade de um documento assinado em janeiro deste ano que, até então, havia encerrado questionamentos judiciais sobre o processo eleitoral que manteve Ednaldo na presidência da entidade. A assinatura de um dos signatários, o ex-presidente da CBF Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, foi colocada em dúvida.

A suspeita de falsificação ganhou força após laudos periciais e questionamentos feitos por Fernando Sarney e pela deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ). Além da autenticidade da assinatura, foi apontada a possível incapacidade mental de Nunes para tomar decisões de forma consciente, o que tornaria o acordo juridicamente nulo.

— A robustez dos indícios leva à inarredável conclusão de que há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade — escreveu o desembargador Zéfiro na decisão.

Intervenção e novas eleições

O caso havia sido enviado ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por determinação do ministro do STF Gilmar Mendes, que anteriormente negara o afastamento imediato de Ednaldo, mas solicitou uma apuração urgente. Após o TJ-RJ tentar ouvir o Coronel Nunes, sem sucesso por motivos de saúde, o desembargador cancelou a audiência e decidiu pelo afastamento de Ednaldo quatro dias depois.

Essa é a segunda vez que Ednaldo Rodrigues é afastado judicialmente da presidência da CBF. A primeira foi em dezembro de 2023, quando também por decisão do TJ-RJ ele deixou o cargo — mas retornou semanas depois, amparado por uma liminar de Gilmar Mendes.

Clima de tensão nos bastidores

Mesmo tendo sido recentemente reeleito para mais quatro anos, Ednaldo vinha enfrentando crescente oposição nos bastidores da CBF. A pressão se intensificou nas últimas semanas com o vazamento de documentos, denúncias e ações judiciais. Atualmente, o dirigente está no Paraguai, onde participou do Congresso da Fifa.

Com a nova decisão, o comando da principal entidade do futebol nacional entra novamente em disputa, reacendendo um cenário de incerteza e instabilidade a poucos meses do início das Eliminatórias para a Copa de 2026 e das competições nacionais do segundo semestre.

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