O Flamengo anunciou na noite desta terça-feira que chegou a um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, última das dez vítimas fatais do incêndio no Ninho do Urubu, em 2019, que ainda não havia sido indenizada. O jovem, que tinha 15 anos e já defendia a seleção de base, era monitorado por clubes internacionais antes da tragédia. Até o momento, ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo ocorrido.
andamento do processo
A família de Esmério, que processava o clube na Justiça, elogiou a postura da nova diretoria do Flamengo, presidida por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, eleito em dezembro. Em nota oficial, os advogados da família destacaram a mudança de comportamento do clube:
"O Flamengo, ao adotar uma postura mais empática e consciente, reconheceu que a tragédia transcende questões financeiras, honrando a memória do jovem atleta. Desta forma, considerando o sigilo estabelecido no processo e no acordo firmado com o Clube de Regatas do Flamengo, a família e seus advogados não irão se manifestar acerca dos termos acordados."
Veja a nota completa:
Valores acordados
O valor da indenização não foi divulgado e está protegido por cláusula de confidencialidade. No ano passado, a Justiça havia condenado o Flamengo a pagar R$2,82 milhões de danos morais aos pais de Christian, valor que seria dividido entre eles, além de R$120 mil ao irmão do atleta e uma pensão mensal de R$7 mil, que vinha sendo paga voluntariamente pelo clube desde 2019.
O montante é inferior ao que a família inicialmente pedia na ação, que somava R$5,2 milhões em danos morais e R$3,9 milhões em pensão. No entanto, o valor acordado é superior à proposta feita pela Câmara de Conciliação, que sugeria R$2 milhões de indenização e pensão mínima de R$10 mil mensais por 30 anos para cada família.
Homenagens
Desde 2019, a torcida do Flamengo homenageia os dez garotos do Ninho com cânticos no minuto 10 de cada partida. Em 2022, o clube inaugurou uma capela ecumênica no CT como forma de homenagem. No entanto, uma homenagem no museu da Gávea foi retirada após reformas, o que gerou críticas de parte dos familiares.
O caso do Ninho do Urubu, considerado a maior tragédia da história do clube, também inspirou o livro "Longe do Ninho", lançado em 2024 pela jornalista Daniela Arbex. Todos os anos, no dia 8 de fevereiro, o Flamengo realiza uma missa em memória das vítimas no próprio CT.
Réus do processo
O ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, é um dos réus no processo judicial. Seu advogado, Rafael Kullmann, afirmou que acredita na inocência do ex-dirigente e que "a Justiça inicia o caminho em direção à verdade."
Além de Bandeira de Mello, o ex-diretor Antonio Marcio Mongelli e Garotti também é réu. A lista de acusados inclui quatro representantes da empresa Novo Horizonte Jacarepaguá (NHJ), responsável pelos módulos onde dormiam os atletas: Claudia Pereira Rodrigues e os engenheiros Fábio Hilário da Silva, Danilo da Silva Duarte e Weslley Gimenes. Edson Colman da Silva, sócio da Colman Refrigeração, também foi denunciado por realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado nos contêineres.
As vítimas do incêndio no Ninho do Urubu:
- Athila Paixão, 14 anos
- Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
- Bernardo Pisetta, 14 anos
- Christian Esmério, 15 anos
- Gedson Santos, 14 anos
- Jorge Eduardo Santos, 15 anos
- Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
- Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
- Samuel Thomas Rosa, 15 anos
- Vitor Isaías, 15 anos