Com Jucilei, Bruno César e Dentinho, três jogadores negociados neste ano, o Corinthians poderia ter arrecadado quase 23 milhões de euros (na cotação atual, R$ 53 milhões). Desse montante, entretanto, menos de um quarto ficou nos cofres dos corintianos, já que todos eram fatiados com diferentes parceiros.
O fato poderia ser uma lição para o Corinthians, que conquistou o título de campeão do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, mas se repete na montagem do elenco. Dois dos jogadores com mais potencial de mercado, o volante Paulinho e o atacante Willian, também são divididos com parceiros da direção corintiana. Em caso de negociação de ambos, cerca de 20% ficaria realmente com o clube.
O presidente Andrés Sanchez já teve de responder a respeito do fatiamento de Jucilei e uma opção de compra de direitos da qual o clube abriu mão. "O Corinthians comprou 50% e os outros 50% eram do Corinthians-PR. Vendemos 35% por R$ 2 milhões e ficamos com 15%", explicou em fevereiro Andrés, que na época apontou falta de recursos para a aquisição. Assim, um lucro que poderia ser de 5 milhões de euros foi reduzido a 1,5 milhão.
Segundo apuramos, procedimento semelhante foi adotado recentemente na contratação de um jogador para as categorias de base por quem o clube desembolsou perto de R$ 800 mil no início do ano. A intermediários da transação, o presidente Andrés Sanchez fez um acordo para que, futuramente, o grupo tenha direito a exercer uma opção de compra de parte desses direitos.
De acordo com o diretor adjunto de futebol Duílio Monteiro Alves, a situação, que se repete com Willian e Paulinho, é inevitável. "Muitas vezes a parceria é necessária pelo fator financeiro e até porque o jogador já pertence a algum grupo. Você entra como parceiro", argumentou quando questionado o porquê de possuir uma porcentagem pequena nos direitos econômicos da dupla.
Para Duílio, apesar de o Corinthians ter desperdiçado a oportunidade de um lucro maior, todos os negócios valeram a pena. "Também gastamos pouco com a compra deles e acabaram indo bem, renderam dentro de campo e nos ajudaram", analisou o diretor, que se juntou ao departamento de futebol apenas em janeiro de 2011 após a saída de Mário Gobbi, provável candidato à presidência.
Questionado se o Corinthians poderia tentar negociações com parceiros para aumentar sua participação em relação a Paulinho e Willian, Duílio diz que o clube está focado em impedir que ambos sejam negociados até o fim da janela, que se encerra em 31 de agosto. "Não conversamos sobre isso, mas é uma intenção no futuro. Hoje queremos segurá-los e, quando chegar uma proposta, se possível podemos fazer essa compra", afirmou.
Se reluta em apostar financeiramente na contratação de jogadores jovens, por outro lado o Corinthians fez investimentos altos em dois nomes consagrados: por Alex e Liedson foram desembolsados aproximadamente R$ 20 milhões apenas com recursos dos cofres corintianos, sem a participação de parceiros. Com 29 e 33 anos respectivamente, dificilmente eles serão futuramente negociados por valores do mesmo porte.
O meio-campo Edenílson e o goleiro Renan, outros reforços para o Brasileiro, também têm apenas uma pequena participação de seus direitos ligada ao Corinthians - em relação ao volante, esse número não ultrapassa 20%.
A exceção é o lateral Weldinho: o Corinthians desembolsou quantia não revelada para comprar 90% de seus direitos junto ao Paulista de Jundiaí. O clube do interior de São Paulo tem sido parceiro recente dos corintianos em várias negociações, como a do pouco utilizado volante Nenê Bonilha e de outros atletas para as categorias de base.
O fatiamento da dupla Paulinho-Willian
Paulinho - BMG (50%), Pão de Açúcar (40%) e Corinthians (10%)
Willian - BMG (40%), Atlético-PR (50%) e Corinthians (10%)
As três principais negociações de 2011*
Jucilei - para o Anzhi, da Rússia, em fevereiro - 10 milhões de euros
Corinthians Paranaense (50%), grupo de empresários (35%) e Corinthians (15%)
Dentinho - para o Shakhtar, da Ucrânia, em maio - 7,5 milhões de euros
DIS (22,5%), BMG (15%), Talquinho (empresário, 10%), Cláudio Guadagno (empresário, 10%) e Corinthians (42,5%)
Bruno César - para o Benfica, de Portugal, em março - 5,3 milhões de euros
DIS (80%) e Corinthians (20%)
Os valores totais das negociações são do site alemão Transfermarkt, referência em transferências de jogadores