Um menino de 8 anos foi vítima de injúria racial durante um torneio de futebol soçaite em Uberlândia (MG), no último domingo (9). O caso aconteceu na Vila Olímpica do Uberlândia Esporte Clube, onde a criança participava de uma partida pela Copa Uberlândia. Segundo o Boletim de Ocorrência, o garoto foi chamado de “macaco feioso” e “pobre favelado preto” por uma mulher que estava na torcida adversária, momentos antes de cobrar um pênalti.
Além da criança, um homem que assistia aos jogos e seria pai de outro jogador da mesma equipe, também foi ofendido. Ele foi chamado de “macaco preto” e “pobre da roça”. As agressões verbais geraram revolta entre pais e torcedores que acompanhavam a partida, resultando na prisão em flagrante de duas mulheres, de 31 e 38 anos, identificadas como as autoras das injúrias.
Ação rápida e prisão em flagrante
As mulheres foram detidas ainda na Vila Olímpica e conduzidas à delegacia, onde tiveram a prisão ratificada em flagrante pelo crime de injúria racial. Elas foram encaminhadas para a Penitenciária Pimenta da Veiga, em Uberlândia. No entanto, uma decisão judicial posterior concedeu liberdade provisória, e ambas devem ser liberadas nesta terça-feira (11).
De acordo com o organizador da Copa Uberlândia, Wallisson Fortunato, a equipe responsável pelo torneio agiu imediatamente para conter a situação e garantir a chegada da Polícia Militar.
“A organização não compactua com este tipo de comportamento e tomou todas as medidas cabíveis dentro da Vila Olímpica, ao impedir que as pessoas saíssem do local até a chegada da Polícia”, afirmou.
Repercussão e repúdio das instituições
A Copa Uberlândia divulgou uma nota de repúdio, condenando o episódio e reforçando o compromisso do torneio com o respeito e a diversidade.
“Acreditamos que o esporte deve educar e inspirar, e não reproduzir práticas que ferem a dignidade humana. A Copa Uberlândia jamais compactuará com comportamentos racistas”, diz o comunicado oficial.
A Base, equipe para a qual as supostas autoras torciam, também repudiou o ato e anunciou a retirada de suas equipes da competição, mesmo classificadas para a final.
“O mau comportamento deve ser fortemente coibido. Trabalharemos para contribuir com um ambiente de prática cada vez melhor para as crianças”, declarou a direção.
O Uberlândia Esporte Clube, responsável pelo espaço onde o torneio foi realizado, informou que apenas alugou o local para os organizadores e não possui vínculo com o evento, reforçando que repudia veementemente qualquer forma de intolerância.
O que diz o Boletim de Ocorrência
Segundo o B.O., o pai da criança relatou que as ofensas começaram quando o menino se preparava para bater um pênalti. Testemunhas confirmaram os xingamentos e afirmaram que a confusão aumentou após outros pais tentarem intervir.
As autoras, por outro lado, negaram ter cometido racismo, alegando que “houve apenas uma discussão de jogo”. Elas disseram estar indignadas com o que chamaram de “jogo violento” por parte da equipe adversária, o que teria motivado a troca de palavras.
Reflexão sobre o racismo no esporte
O caso reacende o debate sobre racismo e intolerância em competições de base, envolvendo crianças. Em um ambiente que deveria representar aprendizado, convivência e espírito esportivo, a ocorrência de ofensas raciais reforça a urgência de educação e conscientização dentro e fora dos campos.
O episódio segue sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais, que deve ouvir testemunhas e analisar as imagens registradas durante o torneio.