Enquanto 29 dos 40 clubes das Séries A e B se uniram em um manifesto exigindo mudanças profundas na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Palmeiras decidiu não aderir ao movimento. A decisão do clube paulista foi interpretada como um gesto de apoio à candidatura de Samir Xaud, que deve ser aclamado presidente da entidade no próximo domingo (19).
A posição isolada do Verdão chama atenção em um momento em que boa parte dos clubes pressiona por mais protagonismo nas decisões da CBF, inclusive pela criação de uma liga independente para organizar o Campeonato Brasileiro.
Apoio estratégico
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, é uma das entusiastas da candidatura de Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol. O clube entende que o atual cenário exige "tranquilidade e união" para que Xaud inicie sua gestão sem pressão. A informação foi divulgada inicialmente pelo UOL e confirmada pelo ge.
Xaud tem apoio de apenas 10 dos 40 clubes votantes, mas garantiu o suporte de 25 das 27 federações estaduais, o que é decisivo em um sistema de votação que dá peso triplicado às entidades estaduais , tanto para inscrição de chapas quanto na contagem final dos votos.
O que pede o manifesto?
Divulgado pela Liga Forte União (LFU), o manifesto defende a criação de uma liga nacional organizada pelos próprios clubes e a revisão das estruturas de governança da CBF. São oito pontos centrais no documento:
- Alteração no processo eleitoral da CBF, com revisão do peso dos votos
- Participação obrigatória dos clubes em todas as Assembleias Gerais
- Criação da Liga com reconhecimento de que os direitos comerciais das Séries A e B pertencem aos clubes
- Reestruturação da Comissão Nacional de Clubes com mais poder executivo
- Profissionalização da arbitragem, com dedicação exclusiva nas Séries A e B
- Calendário 2026–2030 aprovado em conjunto com CBF, Libra e LFU
- Apoio financeiro às Séries B, C, D e ao futebol feminino
- Regras claras de Fair Play Financeiro
O sistema de votação
O modelo atual das eleições na CBF tem sido alvo de críticas por parte dos clubes. As federações estaduais, com peso três vezes maior que os times, são decisivas para a composição do poder.
Para inscrever uma chapa, é necessário o apoio de 8 federações e 5 clubes. No pleito, os votos dos clubes da Série A têm peso 2, enquanto os da Série B valem 1. Mas com o triplo de peso, as federações acabam determinando o rumo das eleições, o que reforça a demanda por um modelo mais equilibrado.
Um novo capítulo
Com o apoio das federações e a abstenção do Palmeiras, Samir Xaud caminha para ser confirmado como novo presidente da CBF. Enquanto isso, a pressão por mudanças, como a criação de uma Liga e o fortalecimento dos clubes, tende a continuar nas próximas semanas.
O futebol brasileiro vive mais um momento decisivo fora das quatro linhas. E o papel dos clubes, como o Palmeiras, será cada vez mais cobrado, seja com silêncio ou com assinatura.