O ambiente no Santos ficou turbulento após o jogo contra o Flamengo, no último domingo (10). O comportamento de Neymar, que demonstrou irritação dentro e fora de campo, incomodou jogadores e dirigentes e expôs um momento de instabilidade em meio à luta do clube contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Segundo fontes ouvidas pelo site ge, o entendimento interno é de que o camisa 10 extrapolou nas reclamações, expondo companheiros e a comissão técnica em público. Embora o astro tenha se desculpado no vestiário após a partida, o episódio deixou marcas e levantou dúvidas sobre sua postura de liderança.
Descontentamento e pedidos de desculpas
Durante o confronto no Maracanã, Neymar reclamou em diversos lances, gesticulou com colegas e até chutou um copo d’água ao sair de campo, atingindo alguns companheiros. De acordo com pessoas próximas ao elenco, o jogador também teria cobrado duramente Zé Ivaldo, após o lance que originou o terceiro gol do Flamengo, e mostrado irritação com Barreal, que não lhe passou a bola em uma jogada ofensiva.
Em outro momento, o camisa 10 correu do meio-campo até a área de Brazão para cobrar a saída de bola e, na sequência, criticou a decisão do companheiro de dar um chute longo. O técnico Juan Pablo Vojvoda também foi alvo da insatisfação do craque, que não gostou de ser substituído e saiu reclamando.
Nos vestiários, Neymar pediu desculpas aos colegas, dizendo que suas reações foram fruto da frustração com a arbitragem, algo que ele próprio chegou a mencionar publicamente durante o intervalo da partida.
Privilégios e irritação interna
Além das atitudes em campo, a preparação para o jogo também gerou desconforto entre alguns jogadores. Neymar, que ficou fora da partida anterior contra o Palmeiras por orientação médica, não viajou com o grupo e se apresentou apenas no sábado, véspera do confronto no Rio de Janeiro.
A decisão foi autorizada pela diretoria, mas causou desconforto, já que outros atletas na mesma condição, como Luan Peres, seguiram a rotina normal de viagem com a delegação. Internamente, a percepção é de que o craque tem recebido tratamento diferenciado, o que vem gerando ruído dentro do elenco.
Santos tenta conter crise
Apesar do incômodo, a diretoria do Santos decidiu não aplicar punições a Neymar. A intenção, segundo fontes do clube, é evitar uma crise maior em meio à luta para escapar da Série B. A avaliação é de que a situação foi resolvida internamente, ainda nos vestiários, com o pedido de desculpas do jogador.
Questionados após o jogo, o atacante Guilherme, o diretor de futebol Alexandre Mattos e o técnico Juan Pablo Vojvoda tentaram minimizar o episódio.
“Isso fica no vestiário. O importante é que todos estão focados em tirar o Santos dessa situação”, disse Vojvoda em entrevista coletiva.
Desempenho aquém e reta final decisiva
Neymar tem sido peça importante, mas irregular nesta temporada. O camisa 10 disputou 15 partidas no Brasileirão, ficando fora de 17, e segundo o comentarista Rodrigo Coutinho, “tem o mesmo número de participações em gols e punições”. A oscilação e o temperamento do jogador, em um momento tão delicado para o clube, têm preocupado a comissão técnica.
Com seis jogos restantes, o Santos tenta reagir para evitar o segundo rebaixamento de sua história. O próximo compromisso será contra o Palmeiras, na Vila Belmiro, no dia 15 de novembro, em um clássico que promete ser decisivo para o futuro do time e, possivelmente, para a relação entre Neymar e o elenco santista.