Marinho, atacante do Fortaleza, teve que tomar decisões difíceis desde a infância para seguir o sonho de se tornar jogador de futebol. Natural de Penedo, Alagoas, ele precisou escolher entre trabalhar com o pai em serviços gerais ou investir na carreira esportiva. Com muita determinação, optou pelo futebol, mas logo enfrentou desafios financeiros. Em entrevista ao UOL, ele revelou detalhes de sua infância, início da carreira e abriu o jogo sobre sua relação em campo e com jogadores.
INFÂNCIA E PRIMEIROS PASSOS NO FUTEBOL
Desde pequeno, Marinho sonhava em jogar pelo Penedense, clube de sua cidade natal. Entretanto, a mensalidade da escolinha custava R$ 25, um valor significativo para sua família humilde. Vendo o desejo do filho, sua mãe decidiu pagar pelo menos um mês de treinamento para que ele pudesse ter a experiência.
"Eu sempre falava que queria jogar no clube da cidade, o Penedense. Eles tinham uma escolinha, e eu pedia pra minha mãe me colocar lá. A mensalidade era R$ 25. Só que minha mãe recebia um valor que eu acreditava que aqueles R$ 25 tirados para me colocar na escolinha era um dinheiro muito valioso, sabe? Mesmo sendo algo que eu queria muito, talvez esse dinheiro fizesse muita diferença dentro da nossa casa. Meu pai pintava muro, limpava quintal e, às vezes, eu ia com ele também. Várias vezes eu limpava quintal com ele, e a gente sempre fazia algo para ganhar um troco", revela.
Com a primeira barreira superada, surgiu um novo problema: Marinho não tinha chuteira. Sua mãe tentou comprar parcelado, mas não conseguiu. A solução encontrada pelo jovem foi vender seu passarinho de estimação por R$ 50 para comprar o equipamento essencial para treinar.
"Acabei vendendo, comprei a chuteira e minha mãe me colocou na escolinha. Fiquei um mês lá. Eu estava gostando demais, só que já estava quase no final do mês. Pensei: 'Caramba, vou ficar só mais um dia, já vai acabar e vou ter que sair'."
SUPERAÇÃO E RECONHECIMENTO
O esforço de Marinho rendeu frutos. Seu desempenho na escolinha chamou a atenção do professor Juquinha, que ofereceu uma bolsa integral para que ele continuasse treinando. Com muito esforço e dedicação, Marinho construiu sua carreira e hoje brilha com a camisa do Fortaleza.
A chuteira que ele comprou na infância continua guardada como lembrança dos desafios superados.
"Eu tenho essa chuteira em casa ainda, está guardada".
CARREIRA NO FORTALEZA E EXPECTATIVAS
Agora no Fortaleza, Marinho destaca o trabalho do técnico Juan Pablo Vojvoda e a força do elenco. Para ele, o futebol moderno não se baseia apenas em favoritismo por histórico ou investimento, mas sim na dedicação e no trabalho em equipe.
"Estamos com um time qualificado. Hoje, o futebol é decidido dentro de campo, independentemente do peso da camisa."
O CLÁSSICO REI E A EMOÇÃO DA TORCIDA
Sobre o Clássico Rei, entre Fortaleza e Ceará, Marinho destaca a atmosfera apaixonante criada pelas torcidas.
"Eu acredito que o Clássico Rei é charmoso, né? Você vê uma festa linda que a torcida faz para mostrar mesmo para a outra que somos melhores e isso é muito bacana. Eu acredito que é um dos mais bonitos que eu já joguei".
POLÊMICAS E PERSONALIDADE FORA DO CAMPO
Marinho também fala sobre sua postura fora dos gramados. Apesar de ser alvo de especulações, ele reforça que sempre foi um jogador de grupo e que prefere manter um ambiente positivo, evitando polêmicas.
"O que me entristece é quando me comparam com outros jogadores. Dizem que fulano bebe, sai à noite, e colocam meu nome nisso. Mas quem me conhece sabe que não sou de festa ou balada. Nunca fui visto brigando, bebendo ou criando polêmica. Eu sempre estou na minha casa, com a minha família, com a minha esposa, com a minha filha. Mas essa parte ninguém nota. Já ouvi muitas vezes falarem: 'Esse Marinho aí não deve ser de grupo, deve rachar o elenco, deve isso, deve aquilo'. Mas, cara, quem trabalhou comigo, seja no Santos, no Flamengo ou em qualquer outro lugar, sabe que sou um cara divertido, alegre. Sempre tento manter o ambiente leve, porque o futebol já tem muita pressão, ainda mais depois de uma derrota".
CONVITE DE LUXEMBURGO E CRUZEIR
Um dos momentos marcantes de sua carreira foi o convite de Vanderlei Luxemburgo para jogar no Cruzeiro, em 2015.
São poucos que trabalharam com ele, mas eu sou um cara muito grato, foi o cara que apostou em mim quando em 2015, pediu a minha contratação no Cruzeiro. [...] Eu nem acreditei que era ele, até achei que era alguém fingindo ser ele. Lembro que eu tremia com o meu braço no telefone. É um cara que eu tenho muita gratidão, que apostou em mim".
Com informações do UOL