Se na cronologia dos reality shows, Robinson Crusoé chegou primeiro à Suécia, na ficção o personagem preferiu o Brasil. A aventura, ambientada em meados do século 17, tem a então colônia portuguesa como cenário de parte da história. Foi aqui que o personagem fixou-se por alguns anos, amansando temporariamente a sua paixão náutica.
O herói de Defoe vende Xury para o capitão português. A embarcação lusa, em rota para o Brasil, nos traz o aventureiro. Aqui ele desembarca e se fixa, vivendo da produção agrícola com mão-de-obra escravizada. Crusoé volta ao mar com o objetivo nada romântico: seu plano é ir à África para trazer mais pessoas cativas ao Brasil e submetê-las ao trabalho escravo.
No naufrágio que leva Robinson Crusoé à famosa ilha deserta, portanto, é a sentença de morte não apenas de sua tripulação. Morrem no desastre as pessoas negras tiradas à força de suas terras no continente africano para viverem um pesadelo em solo brasileiro.