“A Bíblia não é homofóbica”, diz pastor em debate sobre ideologia

A discussão girou em torno da manutenção ou retirada de diretrizes.

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Movimentos sociais contra a homofobia, pastores e teólogos foram convidados na última quinta-feira (6) para debater, em reunião na Câmara Municipal de São Paulo, o Plano Municipal de Educação (PME). No encontro, como era esperado, a discussão girou em torno da manutenção ou retirada das diretrizes que incluem políticas de defesa a igualdade de gêneros nas escolas.

Após mobilização dos vereadores conservadores da Câmara, o trecho que tratava do assunto foi retirado do PME – seguindo uma diretriz que aconteceu no ano passado no Congresso Nacional.

Não por acaso, o vereador Toninho Vespoli (PSol) promoveu o encontro chamando não só coletivos de defesa da comunidade LGBT, mas também religiosos e estudiosos da área. “A ideia é tentar desmistificar a confusão que se colocou em torno da palavra ‘gênero’ ou ‘ideologia de gênero’, que são coisas diferentes, e fazer um debate teológico da Bíblia em relação ao homossexualismo (sic)”, disse, em entrevista ao site da Casa.

Vespoli argumentou que “alguns líderes evangélicos midiáticos colocam que a igreja e a Bíblia recriminariam essa população”, enquanto “os pastores e teólogos presentes tem outra visão”. “A própria Bíblia apresenta elementos teológicos que mostram que Cristo não recrimina essas pessoas”, complementou o vereador do PSol. Presente na reunião, o pastor José Barbosa – que é teólogo e criador do movimento Jesus Cura a Homofobia – disse que “a Bíblia não é homofóbica, é o homofóbico que faz uma leitura errada da Bíblia”.

“Estamos aqui para dizer que há evangélicos que pensam diferente e que também estão na luta pelos direitos das minorias, e isso inclui o movimento LGBT”, emendou, defendendo que o ensino de gênero pode contribuir para uma sociedade mais igualitária e de mais respeito, sobretudo para as crianças que são alvo de preconceito quando apresentam um comportamento diferente do padrão aceito pela sociedade.

“Não só com as questões LGBT, mas com o machismo. Quando incluímos as questões de gênero nas escolas, trazemos igualdade, justiça e dignidade humana aprendidas desde cedo”, concluiu o pastor. Vespoli deu a sua opinião ainda sobre o que mudou, entre o projeto aprovado pela Comissão de Educação, e aquele modificado depois pela Comissão de Finanças.

“No projeto aprovado pela Comissão de Educação previa-se também a formação da comunidade escolar (alunos, funcionários e famílias) sobre sexualidade, diversidade, relações de gênero e Lei Maria da Penha. Os objetivos principais eram superar o machismo e evitar a evasão escolar causada por bullying, violência física e assédio sexual, situações que muitos alunos são vítimas, inclusive dentro de suas casas. Mas, por pressão de setores conservadores, os vereadores da Comissão de Finanças concordaram em excluir todas as palavras ‘gênero’, ‘orientação sexual’ e ‘sexualidade’ do texto. Ou seja, no intuito de abocanharem votos de grupos que se fundam em argumentos religiosos eles negligenciaram a responsabilidade do poder público de difundir valores de tolerância, igualdade e respeito”.

Outros religiosos defendem retirada

Dois dias antes, na terça-feira (4), uma reunião semelhante foi organizada pelo vereador Eduardo Tuma (PSDB). Nela, padres, psicólogos e estudiosos do assunto apresentaram os seus pontos de vista para justificar os danos que o ensino da ideologia de gênero nas escolas municipais podem trazer às crianças, prejudicando inclusive as famílias, na visão deles.

Na entrada do encontro, uma cartilha alertava: “O que acontecerá caso aprovem a ideologia de gênero nas escolas? Todas as nossas crianças deverão aprender que não são meninos ou meninas, e que precisam inventar um gênero para si mesmas. Para isso, receberão materiais didáticos destinados a deformar sua identidade. E isso seria obrigatório por lei”. “Quem tem que cuidar disso são os pais e isso é um direito garantido pela Constituição”, disse o presidente do Instituto de Biopolítica Zenit, Eduardo Melo, que apresentou um estudo que mostra que a Suécia é recordista em relação à violência contra a mulher. A introdução da discussão de gênero nas escolas, para ele, significa incentivar um cenário como o do país europeu. Tuma afirmou que o tema já foi derrotado na discussão que se deu no Congresso, o que torna sem sentido o debate em andamento na Câmara. “No meu entender é errônea, pois se em âmbito nacional já temos uma definição, o município não pode querer alterar essa questão”, avaliou o tucano. A votação do projeto deve acontecer em breve no Legislativo municipal.



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