ABGLT: setores homofóbicos fazem “chantagem” no governo

Carvalho negou que a decisão foi motivada pela pressão das bancadas religiosas

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, criticou nesta quarta-feira a pressão das bancadas religiosas do Congresso Nacional contra a distribuição do kit anti-homofobia nas escolas públicas. "O que está havendo é que setores homofóbicos estão fazendo chantagem no governo federal. Mas eu confio que a presidente Dilma não vai se submeter a isso", disse ao comentar a decisão do governo de suspender a produção e veiculação dos kits após reunião com as bancadas católica e evangélica.

O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, anunciou nesta quarta-feira que a questão do combate à homofobia no ambiente escolar deve continuar, mas que a produção dos materiais precisa levar em conta a participação de todos os setores da educação, dos parlamentares e uma maior discussão com a sociedade. "A presidenta Dilma não gostou dos vídeos, achou o material inadequado, e determinou que não circule oficialmente. Estão suspensas todas as produções de materiais que falem dessas questões", disse o ministro.

Carvalho negou que a decisão foi motivada pela pressão das bancadas religiosas, mas o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou que, caso o governo não desistisse da distribuição do material, a bancada iria utilizar o caso do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, como "moeda de troca".

O presidente da ABGLT, entidade que participou da produção dos materiais que o Ministério da Educação (MEC) pretendia distribuir para os alunos do ensino médio no segundo semestre, concorda que o governo tenha que "ouvir os dois lados sobre a questão", mas discorda de como as bancadas religiosas estão conduzindo o debate. "O que não pode é um setor, seja religioso ou não, tentar impor as políticas públicas para o País. Desde 1989 temos o Brasil como um estado laico. Eles podem opinar, mas não mandar".

Segundo Reis, o material, que inclui vídeos e cartilhas sobre temas como transexualidade e bissexualidade, foi elaborado por equipes altamente qualificadas e já recebeu o apoio de órgãos como Unesco, Ministério Público Federal e Conselho Federal de Psicologia. Ele disse ainda que o combate ao preconceito e à violência nas escolas é urgente.

"O que nós queremos é que ninguém seja discriminado neste País, nenhum evangélico, transexual, católico, lésbica. Agora precisamos deixar bem claro que não vivemos numa teocracia, aqui não é o Irã, nem o Iraque. Temos uma constituição que garante a igualdade", afirmou.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES