As emissões globais de dióxido de carbono (CO₂) provenientes de combustíveis fósseis devem aumentar 1,1% em 2025 e alcançar um novo recorde, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Global Carbon Project. O avanço pressiona o cumprimento da principal meta do Acordo de Paris, que busca limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Para os cientistas envolvidos no estudo, esse objetivo “já não é mais plausível”.
Segundo o levantamento, produzido por mais de 130 pesquisadores internacionais, as emissões devem atingir 38,1 bilhões de toneladas em 2025. A projeção indica que a concentração de CO₂ na atmosfera chegará a 425,7 partes por milhão (ppm), um aumento de 52% em relação ao período pré-industrial.
O relatório aponta que restam cerca de 170 bilhões de toneladas de CO₂ antes que o planeta ultrapasse o limite estabelecido pelo Acordo de Paris. Segundo os pesquisadores, a superação desse patamar pode desencadear mudanças climáticas mais intensas e levar a “um ponto de não retorno”, com consequências permanentes para o clima.
“Com as emissões de CO₂ ainda aumentando, manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C já não é mais plausível”, afirmou Pierre Friedlingstein, do Global Systems Institute da Universidade de Exeter, que liderou o estudo. Ele acrescentou que, no ritmo atual, o orçamento de carbono será esgotado antes de 2030.
FATORES QUE IMPULSIONAM O AUMENTO DAS EMISSÕES
O documento indica que 8% do aumento na concentração atmosférica de CO₂ desde 1960 é resultado do enfraquecimento de sumidouros de carbono terrestres e oceânicos, ecossistemas que absorvem parte do gás carbônico emitido.
O crescimento das emissões fósseis é impulsionado pelo uso de diversos combustíveis: carvão (+0,8%), petróleo (+1%) e gás natural (+1,3%). As emissões decorrentes do desmatamento permanecem elevadas, em torno de 4 bilhões de toneladas por ano, com remoções permanentes por reflorestamento compensando cerca de metade desse volume.
O relatório também projeta aumento de 6,8% nas emissões da aviação internacional, superando os níveis pré-pandemia, enquanto as emissões do transporte marítimo internacional devem permanecer estáveis.