O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou nesta quarta-feira (26) que 11 Ararinhas-Azuis (Cyanopsitta spixii), que estavam soltas na natureza, testaram positivo para circovírus, vírus letal para as aves. As aves haviam sido reintroduzidas em uma região de preservação de Curaçá (BA) em 2022, após serem repatriadas da Europa.
O criadouro responsável pelas ararinhas, gerido pela empresa BlueSky, foi multado em R$ 1,8 milhão, após investigações apontarem que os protocolos de biossegurança não estavam sendo seguidos corretamente. Atualmente, o local abriga 103 ararinhas.
Vistorias do ICMBio, em parceria com o INEMA e a Polícia Federal, identificaram que os comedouros estavam sujos, com acúmulo de fezes ressecadas, e que a limpeza e desinfecção diária das instalações e utensílios não eram realizadas de maneira adequada. Funcionários foram flagrados manuseando os animais usando chinelo, bermuda e camiseta, contrariando normas de biossegurança.
“Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus”, afirmou Cláudia Sacramento, coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio.
O criadouro é parceiro da organização alemã ACTP (Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados), que detém 75% das ararinhas registradas no mundo. As aves serão separadas entre positivas e negativas, para evitar a disseminação do vírus e reforçar as medidas de biossegurança.
A ararinha-azul é considerada extinta na natureza desde 2000, quando desapareceu o último indivíduo selvagem. A espécie sobreviveu apenas em criadouros, com cerca de 50 indivíduos espalhados pelo Brasil e pelo mundo.
CIRCOVÍRUS
O circovírus dos psitacídeos é o principal agente da doença do bico e das penas, que provoca alterações na coloração das penas, falhas no empenamento e deformidades no bico. O vírus não infecta humanos nem aves de produção, e é considerado letal para psitacídeos.
O primeiro caso no criadouro foi detectado em maio deste ano, e desde então o ICMBio instaurou um sistema de comando de incidente para conter a disseminação do vírus entre ararinhas-azuis e outros psitacídeos da região.